Em meio a atrito com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva em razão do que considera "falta de articulação política" do Executivo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, teve uma semana difícil na Justiça: viu um de seus principais aliados ser alvo da Polícia Federal (PF) na quinta-feira (1º), ficou mais próximo de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva na Lava-Jato, e sofreu revés em uma ação na qual atribui crime contra a honra ao senador Renan Calheiros, um de seus principais opositores.
A sequência de golpes ao parlamentar levou seus aliados a levantarem teorias sobre o momento político do alagoano, por entenderem que a operação da PF pode interessar a adversários de Lira não só em seu estado natal, mas no Planalto.
A Operação Hefesto foi aberta na quinta-feira para investigar supostas fraudes de R$ 8,1 milhões com o superfaturamento da compra de kits de robótica por mais de 40 municípios de Alagoas. Um dos principais alvos da ação foi Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara. Ele ainda trabalha na liderança do PP na Casa, recebendo R$ 14,7 mil de salário.
Enquanto lida com o rescaldo da ofensiva, que apreendeu mais de R$ 4 milhões em endereços de investigados, o presidente da Câmara se prepara para julgamento no STF na próxima semana. A Corte máxima marcou para o dia 6, próxima terça-feira, a análise de um recurso do parlamentar em caso que pode torná-lo réu por suposto recebimento de propina de R$ 106 mil do ex-presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o pagamento se deu em troca de apoio político. O montante foi apreendido pela Polícia Federal com um assessor parlamentar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 2012. A denúncia foi recebida pelo STF em 2019. Depois, a Procuradoria-Geral da República (PGR) mudou de entendimento e defendeu o arquivamento da própria acusação. Enquanto isso, a defesa de Lira esvaziamento da denúncia.
Enquanto o STF acelera a análise da denúncia contra Lira, uma outra ação de interesse do deputado foi travada. Na quarta-feira (31), o ministro André Mendonça, do STF, suspendeu ação em que o presidente da Câmara atribui ao senador Renan Calheiros — seu opositor — crimes contra a honra em razão de ataques durante a campanha.