
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na visita que fez a Moscou, em conversa com Vladimir Putin, fez um apelo para que o chefe russo estendesse o cessar-fogo na guerra com a Ucrânia.
A partir do pedido do governo de Zelenski, o petista sugeriu a Putin que estendesse a trégua unilateral de três dias decretada pelo Kremlin por causa de festividades dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscou, para 30 dias.
Ao lado do brasileiro, nas celebrações, estavam, por exemplo, o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, Aleksandr Lukashenko, de Belarus, e o líder cubano Miguel Díaz-Canel. O governo brasileiro destacou que a viagem é uma demonstração do compromisso com o multilateralismo.
Expoentes do Ocidente e do Oriente
Lula e Xi Jinping foram os líderes globais de maior peso a atender o convite de Putin para visitar Moscou na sexta-feira (9) e celebrar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. O evento foi utilizado por Putin para promover sua versão sobre a guerra contra a Ucrânia.
China e Brasil lideraram a criação de um grupo de países “amigos da paz” e lançaram no ano passado um documento com princípios para estabelecer um cessar-fogo prolongado e depois colocar os dois países na mesa numa conferência internacional. A Rússia elogiou a proposta, mas a Ucrânia a criticou por não exigir a retirada de tropas russas do território invadido e ocupado.

Segundo interlocutores de Lula, Putin teria indicado que precisava avaliar o assunto e não deu uma resposta conclusiva.
Em entrevista a jornalistas pouco antes de embarcar para a China, na madrugada deste sábado (10), o presidente brasileiro afirmou que discutiu "com o presidente Putin que nós queremos paz".
Apesar dos diálogos pela paz, a ida de Lula à capital da Rússia é alvo de críticas do governo ucraniano. No Brasil, a viagem também foi rechaçada na diplomacia e pela oposição.
"Exploração política"
O brasileiro classificou as críticas como exploração política e defendeu a importância de ter ido à Rússia.
— A posição do Brasil é muito, mas muito, muito sólida. Ou seja, independente de eu ter vindo aqui, independente de eu ir à China, independente de eu ir à Argentina, independente de eu ir a qualquer país, a nossa posição continua a mesma com aquilo que a gente pensa sobre a guerra da Ucrânia: nós queremos paz — afirmou antes de embarcar para a China.
O presidente da República destacou ainda que o foco da viagem foi de relações comerciais.
Relação comercial
Lula explicou que, atualmente, o Brasil tem uma relação comercial deficitária com a Rússia.
— A minha vinda aqui foi para discutir comércio, para tentar equilibrar, porque trabalhamos com a ideia de que uma boa política comercial é uma via de duas mãos. A gente compra e a gente vende mais ou menos na mesma proporção para que ninguém seja prejudicado — avaliou.