Do alto dos seus 2,2 milhões de votos obtidos em 2 de outubro, como candidato ao Senado, o ex-governador Olívio Dutra decidiu tornar público seu voto em Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno. À coluna, Olívio disse que discorda da decisão do PT, que aprovou a neutralidade com a recomendação expressa aos filiados de não votarem em Onyx Lorenzoni (PL), mas não critica o partido:
— Não vou criticar o partido, mas não vejo sentido em votar nulo ou branco quando se tem dois perfis tão diferentes disputando o segundo turno. Tenho uma série de críticas a Eduardo Leite, mas voto nele porque o outro é o candidato de um homem que ameaça a democracia e o processo civilizatório.
Olívio diz que "está em jogo uma questão maior, que é a defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito", ameaçados pelo presidente Jair Bolsonaro por palavras, atos e intenções como a de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal:
— Falam tanto da Venezuela, mas o Brasil está muito mais próximo de se tornar uma Venezuela com Bolsonaro do que com Lula. Hugo Chávez era um militar golpista. Eleito, o que ele fez na Venezuela foi dominar o Congresso e depois o Judiciário, aumentando o número de ministros.
O ex-governador diz que não entende a opção de Leite pela neutralidade, considerando-se o que está em jogo, mas respeita a decisão do tucano e não precisa conversar com ele para declarar seu voto. Justifica que Leite já demonstrou ser uma pessoa mais tolerante, de diálogo, que respeita a diversidade, a cultura e a educação, características que não identifica no candidato do PL.
— Eu não vacilo. Não preciso que ele se comprometa com isso ou com aquilo. Não sou de votar em branco nem de anular. Não concordo com a visão neoliberal dele, tenho muitas ressalvas à forma como governou, mas ele tem um perfil mais parecido com o que nós acreditamos — disse Olívio.
Apesar da declaração de voto, o ex-governador sustenta que o PT, com a maior bancada de deputados na Assembleia, não deve participar do governo em caso de vitória de Leite:
— Nosso papel deve ser de oposição independente, lutando por políticas públicas que valorizem as pessoas, atendam a população mais necessitada, defendam a ciência, a tecnologia e a educação.
Derrotado na eleição, o ex-governador disse que saiu do processo revigorado e estimulado a trabalhar pela eleição de Lula:
— Não pedi para ser candidato. Aceitei a missão do partido, semeei ideias e plantei árvores.
Plantar árvores não é uma figura de linguagem. O ex-governador perdeu a conta de quantas mudinhas plantou durante a campanha na companhia do ex-vereador Marcelo Sgarbossa (PV).