O PT gaúcho publicou uma resolução política, nesta segunda-feira (10), em que orienta a militância a manter o foco na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a pregação de “nenhum voto a Onyx”, em referência ao candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL) e que disputa o segundo turno da corrida ao Palácio Piratini.
Embora tenha conclamado resistência ao candidato Onyx Lorenzoni (PL), a nota do PT, construída após reunião da direção executiva do partido, não pede votos no ex-governador e candidato à reeleição Eduardo Leite (PSDB). O PT deixou de ir ao segundo turno com a candidatura de Edegar Pretto (PT) por uma diferença de apenas 2.441 votos em relação a Leite.
Agora, com a orientação, o partido manterá oposição a Onyx, mas sem um apoio formal ou convicto a Leite. Presidente do PT gaúcho, o deputado federal Paulo Pimenta confirma que, em relação a Leite, a posição do partido “fica em aberto”. Um dos argumentos para o teor da resolução é a estratégia de Leite de ficar neutro na disputa presidencial. O tucano se equilibra em uma equação em que precisa dos eleitores de Pretto para tentar vencer, mas sem se aproximar do PT de forma que possa perder os votos que recebeu de simpatizantes de Bolsonaro, também postulante à reeleição.
A nota do PT, no trecho mais decisivo sobre a eleição estadual, afirma: “Combate sem tréguas ao bolsonarismo no Brasil e no Rio Grande através dos seus representantes. Portanto, nenhum voto a Onyx!”. Os petistas não desistiram de contar com uma manifestação de Leite a favor de Lula na disputa presidencial. Se isso acontecer, o PT buscará transferir os 1,7 milhão de votos de Pretto para o tucano em sinal de reciprocidade.
— Esperamos por uma sinalização do Leite para termos a nossa definição. Fizemos quase 27% dos votos (no primeiro turno para o Palácio Piratini). São milhares de pessoas que estão esperando para definir seu voto e olhando a posição do Leite. A nossa prioridade é a eleição do Lula. Precisa de uma sinalização dele em defesa da democracia — afirma Pretto.
Nos bastidores, lideranças do PT e de aliados como o PCdoB estão incentivando a abertura de comitês municipais em que haja uma reciprocidade de apoios para as candidaturas de Lula e Leite, reforçando o chamado voto "LuLeite". Essa costura está se dando individualmente: apoiadores do petista estão fazendo consultas sobre a viabilidade de aliança contra o bolsonarismo junto a nomes do PSDB, MDB e PSD. Uma das consultadas até o momento sobre a abertura de um comitê municipal de Lula e Leite foi a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB). Não houve definição e ela ficou de conversar com o próprio Leite antes de qualquer resposta. O ex-governador Germano Rigotto (MDB) foi sondado, ainda em conversas preliminares.
Diversas lideranças gaúchas de centro e de centro-direita historicamente foram antagônicas ao PT, mas são cotadas como possíveis apoiadoras de Lula em aliança pontual sustentando a ideia de defesa da democracia. Por essa lógica política, um eventual segundo mandato de Bolsonaro é considerado um risco para o futuro do regime democrático no país.
Todo o processo de posição do PT gaúcho está sendo ditado pela estratégia nacional. Nos bastidores, a afirmação é de que, caso surjam apoios significativos de aliados de Leite para Lula, o PT gaúcho poderá mudar a orientação e fazer uma comunicação formal de voto no tucano na reta final. Isso dependeria de uma construção de reciprocidade.
A nota do PT também convoca os simpatizantes a participarem do ato de apoio suprapartidário que será realizado em Porto Alegre, na quinta-feira (13), para alavancar a campanha de Lula. Estarão presentes lideranças regionais e, até o momento, não há confirmação da vinda de Lula para o Rio Grande do Sul no segundo turno. O evento de quinta-feira, no Centro Histórico da Capital, terá como um dos principais objetivos envolver os diretórios regionais do PDT e do PSB na campanha do petista.
PSOL emite resolução determinando "nenhum voto em Onyx"
A direção estadual do PSOL reuniu-se também nesta segunda-feira (10) e tomou posição semelhante a do PT gaúcho sobre o segundo turno: "Nenhum voto em Onyx, derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo com Lula presidente", diz texto distribuído pelo partido. Nos termos da resolução, a militância foi liberada para votar como quiser no segundo turno da disputa pelo governo estadual, tendo os caminhos de optar por Eduardo Leite (PSDB) ou anular. O PSOL apoiou Edegar Pretto (PT) no primeiro turno da eleição ao Palácio Piratini, tendo indicado o vereador Pedro Ruas (PSOL) como candidato a vice-governador. A sigla destacou que fará oposição para o governador que for eleito, seja Leite ou Onyx Lorenzoni (PL), e anunciou que a dedicação será exclusiva pela vitória de Lula na disputa presidencial.