Nem na Federasul, onde os debates costumam ser mornos, porque focados nos temas de interesse dos associados, o clima de tensão que vem marcando os confrontos entre Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) teve refresco. Já na chegada, não houve o tradicional encontro na sala do presidente. Leite chegou antes e, para não encontrá-lo, Onyx preferiu esperar em outra sala. Na hora de subir para o almoço, os dois se cruzaram e o candidato do PL apressou-se em estender a mão para o adversário, que retribuiu o cumprimento. Onyx pediu que o debate ficasse no campo das ideias.
Nas considerações iniciais, com o Salão Nobre lotado (a maioria dos lugares ocupada por torcedores dos dois candidatos), Onyx começou mencionando o episódio da semana passada, quando não aceitou cumprimentar Leite após o debate da Rádio Gaúcha. Disse que naquele dia não apertou a mão do concorrente porque nenhum pai estenderia a mão a quem atacar um dos seus filhos, mas o Deus a quem ele serve o ensinou a perdoar.
O "ataque" ao filho seria a afirmação de Leite de que seu filho, o deputado Rodrigo Lorenzoni, era o secretário de Desenvolvimento Econômico à época do "fecha tudo" na pandemia. Naquele dia, Rodrigo usou as redes sociais para dizer que nunca foi ouvido quando ocupou a secretaria.
Embora tenham convergido na promessa de não aumentar impostos e de facilitar a vida dos empreendedores, Onyx e Leite passaram os quase 90 minutos trocando farpas. Ciente de que Leite ainda enfrenta muita resistência entre os empresários por causa das restrições impostas na pandemia, Onyx insistiu nas críticas e na tese de que "Jair Bolsonaro foi o melhor secretário da Fazenda", porque mandou para o Rio Grande do Sul os recursos que permitiram pagar os servidores em dia. Leite insistiu que o dinheiro do governo federal era para compensar a perda de receita e que equilibrou as contas com as privatizações e as reformas previdenciária e administrativa que o adversário quer rever.
O ex-governador leu uma nota antiga da coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, segundo a qual, em uma reunião, o ministro Paulo Guedes teria reagido a uma sugestão de Onyx para abortar as reformas com um elogio a Leite por tê-las feito. E que Onyx teria feito um comentário homofóbico, ao que Guedes respondeu que Leite era mais homem porque teve coragem de tocar as reformas.
Na sua vez de falar, Onyx disse que Jardim "não merece nenhuma credibilidade", que tem mágoa dele porque "vivia rastejando nos ministérios em busca de informação privilegiada".