Os primeiros minutos do debate na Band TV, domingo (7) à noite, já sinalizaram qual será o comportamento dos oito candidatos que têm direito legal à participação nos confrontos — Rejane de Oliveira (PSTU) e Carlos Messalla (PCB) não têm representação na Câmara. O ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que concorre com a maior aliança, e portanto, terá mais tempo na propaganda de rádio e TV, virou alvo dos principais adversários, especialmente de Edegar Pretto (PT) e Onyx Lorenzoni (PL).
Leite optou por não entrar nas provocações e deu a mesma resposta que dá quando cobrado nas entrevistas sobre o fato de ter quebrado a promessa de não concorrer à reeleição e de não privatizar a Corsan ou de ter requerido a pensão de ex-governador, à qual acabou renunciando. Disse que a pensão era legal, mas recuou para que a campanha não fosse dominada por uma questão irrelevante. Sobre a quebra das promessas, disse que as circunstâncias mudaram e, por isso, reviu o que havia dito.
Pretto e Onyx usaram mais tempo para falar de seus candidatos a presidente — Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro — do que para apresentar propostas. Nas vezes em que se cruzaram nas perguntas, trocaram farpas e teceram loas ao candidato que representam.
Veterano de debates, coube a Vieira da Cunha (PDT) o papel de franco-atirador. Ao estilo Ciro Gomes, seu candidato a presidente, Vieira fustigou os principais adversários, mas reservou a maior parte da munição retórica para Leite, pelos problemas na área de educação, com foco no mau estado dos prédios das escolas e no baixo desempenho dos alunos. Invocou seu passado de secretário da Educação para criticar Leite, que a tudo respondia com dados sobre o que seu governo fez para evitar a evasão e recuperar o que foi perdido na pandemia.
O senador Luis Carlos Heinze (PP) mostrou-se pouco à vontade no debate. Apesar de mostrar conhecimento sobre a situação do Estado, atrapalhou-se com dados e teve dificuldade para concluir os raciocínios dentro do tempo. Tentou se cacifar como o candidato do agronegócio, setor que sempre defendeu nas suas campanhas, e valorizou as emendas parlamentares que destinou a municípios gaúchos.
Concorrendo pelo Novo, o advogado Ricardo Jobim repetiu a estratégia agressiva de Mateus Bandeira na campanha de 2018. Soou diferente do candidato cordial das entrevistas que precederam a convenção. Defendeu o liberalismo e criticou desde a cobrança pela emissão da carteira nacional de habilitação até as taxas exigidas pela Fepam no licenciamento de empreendimentos mais complexos. Jobim citou ainda o governo de Romeu Zema em Minas Gerais como exemplo a ser adotado no Rio Grande do Sul.
Roberto Argenta (PSC) falou mais como empresário do que como candidato. Em resposta a diferentes perguntas, usou exemplos do seu sucesso empresarial para dar a receita de como resolver os problemas do Estado.
Último a entrar na disputa, com a desistência de Beto Albuquerque, o ex-vice-governador Vicente Bogo (PSB) teve uma atuação discreta. Fez o papel de contemporizador nas vezes em que adversários tentaram usá-lo como escada para atacar Leite. Foi o caso da resposta sobre o valor patrimonial do Banrisul, apontado por Onyx como problema de incompetência gerencial ou de nomeações políticas. Bogo respondeu que o preço das ações negociadas em Bolsa sobe e desce por múltiplos fatores do mercado, mas defendeu a manutenção do Banrisul público.
Falta de quórum
A Câmara Municipal não conseguiu votar nesta segunda-feira (8) a proposta da vereadora Nádia Gerhard (PP) de conceder o título de cidadão de Porto Alegre ao senador Luis Carlos Heinze (PP), seu companheiro de chapa na disputa eleitoral.
Na hora da verificação de quórum, só 23 dos 36 vereadores estavam presentes, o que colocava em risco a aprovação da homenagem.
Nova tentativa de aprovação será feita na próxima semana.