Com uma história de vida ligada ao enfrentamento às desigualdades, o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Léo Voigt, tem uma meta ambiciosa para os próximos quatro anos: acabar com a pobreza absoluta em Porto Alegre.
— Esse talvez seja o projeto mais desafiador. A queda da extrema pobreza é perfeitamente viável — diz o sociólogo, que, no governo de José Fogaça, coordenou o projeto de retirada das crianças da rua.
Antes da pandemia, a prefeitura contabilizava 35 mil pessoas em situação de extrema pobreza em 21 zonas que Voigt define como "fundos de favelas". O secretário sabe que as dificuldades da população mais vulnerável tendem a se agravar e planeja intervenções nas comunidades para reduzir os impactos da pandemia.
No curto prazo, Voigt planeja ações para assegurar cestas básicas ou restaurantes populares para combater a fome nos bolsões de miséria da Capital.
As políticas para a população de baixa renda envolvem outras secretarias e passam por moradia, educação, mediação de conflitos e atenção aos adolescentes, para que não sejam recrutados pelo tráfico de drogas. Um dos projetos mais caros ao secretário é a formação de jovens líderes nas comunidades.
O sonho de Voigt é que a sociedade reconheça a importância do Sistema Único de Assistência Social, como reconheceu o valor do Sistema Único de Saúde durante a pandemia:
— O SUS precisou de uma pandemia para virar unanimidade. Com a assistência social, precisamos que a sociedade compreenda a importância de uma rede de proteção para a população mais vulnerável. As parcerias com a sociedade civil são um dos grandes ativos da cidade e uma das formas de ampliar o atendimento.
O secretário lembra que a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) tem uma rede estruturada e capitalizada de centros de referência de assistência social, os Cras, que que são a porta de entrada no sistema. É essa rede que a nova gestão deve fortalecer.
O presidente da Fasc ainda não foi indicado. O nome deve ser anunciado pelo prefeito Sebastião Melo até quarta-feira. Pelo histórico de irregularidades no passado, Voigt e Melo procuram um técnico acima de qualquer suspeita:
— Nosso esforço é para que a Fasc tenha uma gestão de excelência, científica, sem feudos, e que não seja alvo do loteamento entre partidos.
Voigt reconhece que uma das tarefas mais complexas de sua gestão será o atendimento à população de rua. A ideia é replicar, com adaptações, o modelo que retirou as crianças das ruas no governo Fogaça, mas o secretário tem consciência de que, com adultos, o trabalho é mais difícil.