A presença de água na rotina da catadora de lixo Bianca Feijó, 21 anos, não ocorre como ela gostaria. Não há encanamento nem banheiro na casa de madeira onde vive com o marido e o filho de três anos na Vila das Laranjeiras, área mais vulnerável do Morro Santana, em Porto Alegre. Quando a água chegou, há pouco mais de uma semana, veio de forma indesejada: vertendo pelo teto e encharcando o armário e a cama em meio às tempestades que acossaram o Rio Grande do Sul. Bianca não teme o coronavírus. Lavar as mãos, portar máscaras e praticar o isolamento social são obsessões que pertencem a outra realidade.
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Marcel Hartmann
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