No infame ranking mundial da covid-19, o México e a Índia caminham rumo ao topo. Do lado de cá do planeta, o país latino-americano supera em número de mortos por coronavírus todas as nações União Europeia (UE), entre as quais países duramente atingidos, como Itália e Espanha.
Com 127 milhões de habitantes, o México está em quarto lugar no mapeamento da Universidade Johns Hopkins - atrás de Estados Unidos, Brasil e Reino Unido, este último que deixou o bloco econômico em 31 de janeiro. Entre os países com maior registro de infectados, aparece em sétimo.
Já a Índia, segundo país mais populoso do mundo, aparece em terceiro lugar em número de doentes, devendo superar o Brasil por volta de 22 de agosto, se as condições atuais se mantiverem, conforme estimativas de especialistas. Entre os maiores registros de mortos por covid-19, aparece em sexto.
México e Índia são separados, geograficamente, por meio mundo. Em termos de governo, aparecem em lados opostos do espectro político. Andrés Manuel López Obrador é um dos poucos presidentes de esquerda do continente americano. Narendra Modi lidera o conservador Partido do Povo Indiano. Ambos são populistas e nacionalistas, cada um em seus cantos opostos de radicalismo.
Em várias ocasiões no início da pandemia, Obrador minimizou o perigo, chegando a gravar um vídeo afirmando que as pessoas deveriam continuar saindo de suas casas e que não evitassem abraços. Apelou ao misticismo.
- O povo mexicano possui culturas milenares, de grandes civilizações - sugerindo que, por suas raízes, teriam maior resistência.
Modi, que tem implantado uma versão nacionalista hindu no país (com suspeitas de perseguição de minorias islâmicas), não negou a pandemia e implantou o maior confinamento da história, de 1,3 bilhão de pessoas. Mas foi vencido pela gigantesca densidade populacional das metrópoles, que favorecem a propagação do vírus, a fragilidade do sistema público de saúde e principalmente os efeitos colaterais na economia.
Os desafios econômicos e sociais, aliás, guardadas devidas proporções, irmanam as duas nações. Nunca houve quarentena rigorosa no México - por negação do governo inicialmente, por indisciplina da população durante os quatro meses de orientação para que ficassem em casa, mas principalmente pelo dilema enfrentado em boa parte dos países pobres: a necessidade de subsistência. Cerca de 56% da força de trabalho é composta por informais, que, a despeito dos riscos de infecção, precisam sair para a rua todos os dias e encontrar sustento.
Na Índia, o confinamento foi duro, mas gerou um efeito colateral inédito em termos de capitalismo: com a massa de trabalhadores informais (90% da população) sem ter de onde tirar o ganha-pão nas megalópoles como Nova Délhi, Mumbai e Calcutá, foi observado um êxodo de retorno aos vilarejos do interior do país. O lockdown, como no México, foi insustentável. Nos dois países, o coronavírus e o confinamento representaram sentenças de morte.
Os 10 países com maiores números de mortos
1 EUA - 144,3 mil
2 Brasil - 84 mil
3 Reino Unido - 45,6 mil
4 México - 41,9 mil
5 Itália - 35 mil
6 Índia - 30,6 mil
7 França - 30,1
8 Espanha - 28,4 mil
9 Peru - 17,6 mil
10 Irã - 15 mil
Os 10 países com maiores números de infectados
1 EUA - 4 milhões
2 Brasil - 2,2 milhões
3 Índia - 1,2 milhão
4 Rússia - 799,4 mil
5 África do Sul - 408 mil
6 Peru - 371 mil
7 México - 370,7 mil
8 Chile - 338,7 mil
9 Reino Unido - 298,7 mil
10 Irã - 284 mil
* Fonte: Universidade Johns Hopkins