O que o presidente Jair Bolsonaro fez neste domingo, refestelando-se em meio aos apoiadores que foram às ruas em Brasília para apoiar seu governo e atacar seus adversários foi um crime contra a saúde pública. Bolsonaro apertou mãos de seguidores e tirou selfies com os discípulos, contrariando as recomendações iniciais do próprio Ministério da Saúde, de evitar aglomerações e de permanecer isolado se tiver retornado de viagem ao Exterior.
Bolsonaro fez isso menos de sete dias depois de retornar dos Estados Unidos, de onde pelo menos sete pessoas com as quais convive voltaram infectadas. Ainda que o teste tenha dado negativo, o presidente deveria ter ficado em casa, como recomenda o seu ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Ele será submetido a dois novos exames. Enquanto não passar todo o período de incubação do vírus, deveria resguardar-se. Relembrando, o coronavírus é transmitido mesmo por pessoas assintomáticas. Tanto pode o presidente passá-lo para outros, se estiver contaminado, quanto ser infectado por um dos seus admiradores.
Não chega a ser surpreendente a presença de Bolsonaro na manifestação, depois de ter reconhecido, em transmissão ao lado do ministro da Saúde, que os atos deste domingo deveriam ser repensados diante da pandemia de coronavírus. Entre as palavras sensatas e a ação populista, o presidente ficou com o segunda. Além de participar, estimulou outras pessoas que estavam indecisas a irem para a rua.
Disfarçado de “apoio ao governo”, o foco do protesto era o ataque ao Congresso, embora também tenham aparecido faixas e cartazes contra ministros do Supremo Tribunal Federal. “Fora Maia”, dizia um cartaz que aparece em boa parte das fotos do presidente em meio à multidão. Além de representar um ataque ao presidente de outro poder, o protesto é inútil e infantil: Rodrigo Maia seguirá no comando da Câmara até o fim de janeiro de 2021.
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