Depois de trocar os pés pelas mãos e tratar “a questão do coronavírus mais como uma fantasia da mídia”, o presidente Jair Bolsonaro caiu na real e recomendou a suspensão dos protestos marcados para o próximo domingo, que insuflara em manifestações anteriores.
Apesar de dizer que só podia aconselhar, porque as manifestações a favor de seu governo eram “espontâneas”, minutos após a transmissão pelo Facebook os organizadores começaram a anunciar o cancelamento nas principais capitais.
Mais tarde, em rede nacional de TV, Bolsonaro reafirmou a orientação, alegando que é provável que o número de infectados aumente nos próximos dias, e, por isso, é recomendável evitar concentrações populares.
Seria leviano e contraditório com a própria orientação do Ministério da Saúde estimular a aglomeração de pessoas em locais públicos, aumentando o risco de transmissão do vírus que se alastra de forma assustadora pelo mundo.
No pronunciamento de dois minutos, Bolsonaro defendeu a legitimidade das manifestações e disse que “atendem ao interesse da nação”.
– Nossa saúde e a de nossos familiares devem ser preservados – justificou.
No Facebook, Bolsonaro fez a transmissão ao lado do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, uma voz sensata dentro do governo. O presidente explicou que os dois estavam usando máscara porque um integrante de sua equipe, o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, que viajou com ele para os Estados Unidos, foi diagnosticado com a covid-19.
Ou seja: fantasia não era. Bolsonaro ainda aguarda o resultado do exame.