A reforma da Previdência que deve ser aprovada em segundo turno pelo Senado nesta terça-feira (22) nasce fadada a sofrer novas alterações em prazo relativamente curto. A previsão não é de um crítico das mudanças, mas do secretário-geral de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que esteve nesta segunda (21) em Porto Alegre e deu entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
Marinho disse que a reforma é necessária para dar fôlego às contas públicas, mas, no futuro, será preciso adotar outras medidas. Quando concebeu o projeto de reforma, o governo de Jair Bolsonaro tentou incluir o sistema de capitalização, mas o Congresso matou a ideia na casca.
O secretário diz que o governo respeita o Congresso e não apresentará uma proposta que não tenha chance de aprovação.
O regime de capitalização, que já era visto com desconfiança por aliados e adversários do governo, perde força com os recentes protestos violentos no Chile, que jogaram luz sobre os problemas do sistema previdenciário adotado em 1981 pelo governo de Augusto Pinochet, elogiado por Bolsonaro, pelo ministro Paulo Guedes e por outros integrantes do governo.
Com mais de 90% dos aposentados recebendo abaixo do salário mínimo de 301 mil pesos (R$ 1,6 mil), o sistema de capitalização sem contribuição patronal e sem participação do Estado passou a ser visto como um dos vilões da crise chilena.
No Brasil, as mudanças que serão instituídas a partir desta semana retardam as aposentadorias, mas a receita tende a cair por uma combinação entre o desinteresse em contribuir desde cedo e as mudanças no perfil do emprego, com os jovens entrando no mercado de como pessoas jurídicas.