A partir desta sexta-feira (9), a Argentina estará sob toque de recolher noturno. Entre meia-noite e 6h, estará proibido circular pelas ruas. A medida irá vigorar até, pelo menos, 30 de abril.
Bares e restaurantes deverão fechar antes, às 23h. Também passam a ser proibidas reuniões com mais de 20 pessoas, em espaços públicos ao ar livre, e a prática de esportes em locais fechados. Cassinos e boates também estão proibidos de operar.
As medidas foram adotadas pela Casa Rosada diante do aumento das infecções por coronavírus nos últimos dias. O próprio presidente Alberto Fernández, que já havia recebido as duas doses da vacina Sputnik V, positivou para covid-19. Ele sente sintomas leves da doença e está em recuperação.
A Argentina é o 13º país do mundo com maior número de infectados (2.450.068 de casos), logo atrás da Colômbia (2.479.617) e à frente do México (2.261.879), segundo o gráfico da Universidade Johns Hopkins. Também ocupa a 13ª posição entre os mortos (56.832).
Aliás, entre os 15 países com mais infectados, quatro estão na América Latina - Brasil, Colômbia, Argentina e México. No ranking dos mortos, entre os 15 com maiores índices, o cenário se repete.
O subcontinente é hoje a região do mundo onde mais se morre de covid-19.
A exemplo de outros países da América Latina, a vacinação é lenta. Segundo o ranking da Universidade de Oxford, a Argentina aplicou até agora 10,12 doses para cem habitantes - está atrás do Brasil (11,38 doses para cem habitantes), do Uruguai (26,26 doses para cem habitantes) e muito atrás do Chile (59,61). No ranking da segunda dose, patina ainda mais: apenas 1,55% da população está completamente imunizada. No Brasil, esse índice é ligeiramente superior (2,51%).
O país também enfrentou logo no início da campanha de vacinação um escândalo de corrupção envolvendo o alto escalão do governo com o favorecimento de doses do imunizante a funcionários do Ministério da Saúde. "Amigos" do governo furaram a fila - entre eles, o ex-presidente Eduardo Duhalde e o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli. O "Vacinagate", como passou a ser chamado o escândalo, em alusão a Watergate, contribuiu para a desconfiança da população. Segundo pesquisa da empresa de consultoria Management & Fit, 61% dos argentinos suspeitam do plano nacional de vacinação.