Merece os aplausos dos gaúchos a ação do Ministério Público Estadual em parceria com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil que puxou o fio do novelo de um esquema cuja prática aproxima o Rio Grande do Sul do Rio de Janeiro: a criminalidade institucionalizada. Ou seja, a penetração de integrantes de grupos ligados ao tráfico de drogas e armas na máquina pública.
A Operação Confraria apurou que uma facção do Vale do Sinos negociou apoio político em troca de contratos com integrantes da prefeitura de Parobé, no Vale do Paranhana. Pasmem: um membro do grupo criminoso, com cargo de comissão de alto escalão, ameaçava opositores ou quem criticasse a administração pública. Foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (18), inclusive na sede do Executivo municipal.
Felizmente, o império da lei chegou a tempo, antes que o câncer da ilicitude se espalhasse pelas entranhas da administração. Mas um esquema foi descoberto. Quantos semelhantes existirão por aí?
No Rio de Janeiro, o tráfico de drogas, o jogo do bicho e as milícias atuam, há anos, nas entranhas do poder, a ponto de se mimetizarem. Um depende do outro, e até a maior festa popular brasileira, o Carnaval, está maculado pela contravenção. Para a tranquilidade relativa dos gaúchos, o Rio Grande do Sul não é o Rio de Janeiro. Ainda.