No dia em que Donald Trump chamou sua ex-assessora Omarosa Manigault Newman de "cachorra" (dog, na expressão pejorativa do inglês para alguém fútil), curiosamente seu secretário de Defesa, James Mattis, apelidado de "Cachorro Louco" ("Mad Dog"), visitou o Brasil, como parte de um périplo pela América Latina. E gostou do que viu. Elogiou o país pelo fato de o governo ter aberto a fronteira aos venezuelanos. Para o governo dos EUA, não há dúvida. A Venezuela é um tema sul-americano e o Brasil, como maior país da região, deve fazer mais.
Aliás, é interessante observar o poder dos generais no governo Trump. Além de Mattis, circundando o Salão Oval estão o chefe de gabinete da Casa Branca, John F. Kel-ly, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, H.R. McMaster, e seu chefe de gabinete, Keith Kellogg.
Uma boa leitura sobre como os militares influenciaram decisões presidenciais nos EUA ao longo das últimas décadas é “The Pentagon’s Wars: The Military’s Undeclared War Against America’s Presidents”, de Mark Perry, especialista em temas de defesa e de inteligência e ainda não disponível em português.
O "Cachorro Louco" de Trump é fuzileiro naval. Veterano do Iraque, esteve nas guerras de 1991 e na dos anos 2000. Como comandante da Primeira Divisão do marines, foi o responsável pelo acordo com os chefes tribais da região de Ambar, onde fica Ramadi, contra a Al-Qaeda. É considerado um dos melhores militares de sua geração, sendo muitas vezes comparado a George Patton, o legendário oficial que liderou forças americanas no Mediterrâneo e Europa durante a II Guerra Mundial.