Donald Trump é conhecido por não poupar insultos a críticos, rivais e até aliados. Também não são de hoje seus comentários machistas. Em várias ocasiões, usou a aparência das mulheres para ofendê-las. Nesta terça-feira (14), ultrapassou mais um limite: chamou sua ex-assessora na Casa Branca Omarosa Manigault Newman de "cachorro" e "demente".
"Quando você dá um tempo a uma demente, delinquente chorona, e dá a ela um trabalho na Casa Branca, acho que isso simplesmente não funcionou. Bom trabalho do general Kelly por ter rapidamente demitido essa cachorro", tuitou Trump, em tradução livre.
Vale uma ressalva à expressão "dog" utilizada pelo presidente. Embora a mera tradução para o português possa ser "cachorro" ou "cadela" — a segunda foi como a imprensa brasileira utilizou durante boa parte do dia —, os americanos utilizam a palavra para definir alguém de pouca importância, desprezível, uma mulher que se acha facilmente em qualquer lugar.
Para entender: na segunda-feira, Omarosa divulgou a gravação de uma conversa privada que teve com o presidente dos Estados Unidos depois de ser demitida. Ela ficou conhecida como participante do reality show de Trump, "O aprendiz", e depois passou a trabalhar na Casa Branca.
O presidente já havia chamado a ex-assessora de "delinquente", depois que ela vazou uma gravação de sua demissão por parte do chefe de gabinete, John Kelly, aparentemente gravada na Sala de Crise da Casa Branca.
As gravações de Omarosa, de 44 anos, representam violação da confiança presidencial. Na terça, ela explicou à rede de TV CBS News o motivo pelo qual fez as gravações:
— Sou o tipo de pessoa que se protege. No mundo de Trump, todo mundo mente.
Trump elevou o tom provavelmente porque um livro de autoria de Omarosa , chamado Unhinged (Desequilibrado, em tradução livre), chega às livrarias americanas nesta terça-feira.
São várias as declarações anteriores de Trump de cunho machista. Em 1991, afirmou à revista Esquire sobre as reportagens a seu respeito: "Sabe, realmente não importa o que eles escrevem sobre você, desde que você tenha uma bunda nova e bonita ao seu lado".
Também não é a primeira vez que ele chama uma mulher de "cadela". Após uma coluna da jornalista Gail Collins sobre rumores de que estaria entrando em falência, ele enviou a ela uma cópia do artigo, com a foto da jornalista circulada e a mensagem “o rosto de uma cadela”.
Em 2013, ele tuitou que a culpa pelos assédios a militares nas forças armadas era do sistema que coloca homens e mulheres trabalhando juntos: "26.000 assédios sexuais não reportados em 238 condenações de militares. O que esses gênios esperavam ao colocar homens e mulheres juntos?".