Marcada para discutir se o Laçador deveria ou não trocar de lugar, uma reunião de 15 pessoas, todas representando entidades culturais e órgãos de preservação do patrimônio, chegou a um consenso na terça-feira: a estátua deve seguir onde está, porque a entrada da cidade é o seu verdadeiro lugar.
O que não entendo é por que, para ficar na entrada da cidade, para seguir recepcionando quem entra em Porto Alegre, o Laçador precisa ser reduzido a um playmobil solitário, irrelevante e quase invisível. Quem passa por ali, se está ingressando na Capital, vê o monumento de longe, pequeninho, lá do outro lado da pista. Se está saindo da cidade, vê o monumento de costas.
A verdade é que o Laçador, naquele ponto, não recepciona mais ninguém, não empolga, não chama atenção, perdeu sua imponência. Embora as entidades tenham sido unânimes em sua avaliação – que eu obviamente respeito, embora discorde –, a decisão sobre uma possível transferência de local é da prefeitura.
– Há uma unanimidade entre essas pessoas, que são importantes, que serão levadas em conta, mas que não representam toda a sociedade. Ainda vou ouvir muito mais gente para entender o que a cidade pensa sobre isso –diz o secretário municipal da Cultura, Luciano Alabarse, que também destoa do grupo: – Particularmente, entendo que todo monumento precisa estar acessível à cidade. E, se houver um local mais acessível para a cidade desfrutar do Laçador, vou achar melhor.
Um dos presentes na reunião promovida pelo Sinduscon – entidade que coordena o projeto de restauração do Laçador –, o arquiteto Luiz Antônio Custódio, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), tem argumentos consistentes para manter o Laçador onde está. Ele lembra que a estátua foi idealizada em 1954 para representar o Rio Grande do Sul em uma exposição em São Paulo.
Minha única certeza é que, se queremos admirar o Laçador como obra de arte, ele precisa estar mais perto dos olhos.
– Se ela foi pensada como símbolo do Estado, a localização atual é correta. Por onde o Rio Grande do Sul entra na Capital? Por ali. Qualquer outro ponto faria do Laçador um monumento exclusivo de Porto Alegre – analisa Custódio, lembrando que o atual Sítio do Laçador precisa, sim, de melhorias urgentes para atrair mais público, opinião também consensual entre as entidades culturais.
Minha única certeza é que, se queremos admirar o Laçador como obra de arte, ele precisa estar mais perto dos olhos. E o porto-alegrense já mostrou que concorda com isso: foi um sucesso estrondoso a iniciativa da prefeitura de instalar andaimes no entorno do monumento durante a Semana de Porto Alegre. Finalmente as pessoas enxergaram a estátua, mergulhada em irrelevância naquele local.
Mas o debate sobre o futuro do Laçador tem prazo para acabar: no segundo semestre, o monumento será removido para a restauração e precisa de um destino final. Na reunião de terça-feira, além de Luiz Antônio Custódio, do Iphan, estiveram representantes da Memória Cultural do município, do Instituto dos Advogados do Brasil, do Instituto do Patrimônio Histórico do Estado e da Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul, entre outras entidades.