Cesar Roberto Kelm, 55 anos, subiu os degraus da plataforma de andaimes e não perdeu tempo: tratou de buscar o melhor ângulo para sua selfie com o Laçador. Entre um e outro registro para o Facebook, deu também para analisar de perto o semblante de Paixão Côrtes, eternizado em bronze pelo escultor Antônio Caringi.
— É mais legal ainda ver os detalhes. A roupa... O laço no peito... O bigode... A fisionomia do gaúcho, pensativo, olhando para o horizonte — observou o representante comercial.
Dentro da programação do aniversário de Porto Alegre, a estrutura foi instalada ao redor do monumento considerado símbolo da cidade, deixando as pessoas na altura das pernas do Laçador. A visitação gratuita foi aberta na manhã desta quinta-feira (28) e segue até domingo (31), das 10h às 17h. Além de foodtrucks para receber os visitantes, uma equipe da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) fica no local para falar sobre a história do monumento e sobre o processo de restauração — a escultura deverá ser retirada do local para os trabalhos ainda neste ano.
Coordenador de Patrimônio Cultural da SMC e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, José Francisco Alves dá algumas dicas dos detalhes que podem ser observados na obra de 4,45 metros, inaugurada em 1958: a bota garrão de potro (indumentária que era feita com a pata do animal), o tirador (peça de couro usada por laçadores sobre as pernas), a vincha (acessório na cabeça), as mangas arregaçadas, evidenciando que o momento retratado é de lida.
O aposentado Vicente Zucatti, 74 anos, foi ainda além. Observou as veias ressaltadas nas mãos e nos braços do Laçador.
— Se tivesse que fazer exame de sangue, seria fácil — brincou o morador de Porto Alegre.
Zucatti aproveitou a publicidade da reportagem para deixar seu voto, incisivo, no embate sobre a mudança de endereço do monumento:
— Aqui está em uma localização privilegiada, é a entrada de Porto Alegre. Tu já chega e vê de longe.
Outro que, sem querer, acabou levantando polêmica foi o comerciante Marcelo Gomes, 42 anos, gremista que elogiou o acabamento da escultura e disse não ter dúvidas que é "melhor que a estátua do Renato (Portaluppi)".
No time de quem viu pela primeira vez a estátua tão de perto, estava a bisneta de Antonio Caringi. Ana Ieda de Aquino Silveira, 9 anos, veio com a mãe, Antonella Caringi de Aquino, 48 anos, especialmente de Pelotas para o evento. Achou o Laçador maior do que imaginava.
Antonella conta que tinha a idade da filha quando seu avô morreu. Era muito apegada, crescera no ateliê dele, embora não entendesse a importância da obra na época. Foi compreender anos depois, conta.
— Além do orgulho e da vontade de levar o nome dele, aqui eu sinto uma emoção indescritível — diz Antonella.
O Laçador está localizado na Avenida do Estados, próximo ao Aeroporto Internacional Salgado Filho.
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