Responsável pela restauração da estátua O Laçador, o francês Antoine Amarger avisa: um dos símbolos da capital gaúcha deve mudar de cor. Com rachaduras e problemas estruturais, a obra de Antônio Caringi, inaugurada em 1958, ganhará uma nova estrutura interna e revestimento.
Como foi construída a partir de diversos elementos moldados separadamente e montados por solda, a estrutura apresenta hoje muitas fragilidades. Além disso, o concreto que preenche a parte inferior da estátua, impede a ventilação do interior da peça.
– Essencialmente, a restauração irá eliminar todo o concreto para recriar uma boa ventilação interna e projetar e fabricar uma estrutura interna de aço inoxidável que fortaleça a montagem – conta Antoine Amarger.
O conserto deve gerar mudanças pontuais na cor do bronze.
– Será necessário refazer a pátina química (composto químico que se forma na superfície do metal) para encontrar uma aparência homogênea em todas as partes da peça – afirma.
A restauração não poderá ser realizado ao ar livre. Primeiro será preciso remover a estátua do pedestal localizado próximo ao aeroporto. Ainda não há data prevista para o início do trabalho.
Amarger já realizou tarefa semelhante em Porto Alegre. A alegoria da República Brasileira, parte do monumento a Júlio de Castilhos, na praça da Matriz, passou por tratamento parecido, com a eliminação de concreto e a criação de uma nova estrutura interna.
– A diferença em relação ao Laçador é que os diversos bronzes utilizados neste monumento foram despejados por uma fundição francesa muito experiente e inicialmente tinham características técnicas muito boas – conta Amarger.
O restaurador francês faz a ressalva, no entanto, de que as peculiaridades da fabricação de O Laçador não devem ser interpretadas como defeitos, mas como o testemunho do contexto cultural e técnico de seu tempo.