Com 1m70cm de altura, um quadro exibindo o Laçador vestido de prenda é a primeira obra que os visitantes encontram ao entrar no salão de exposições do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). A tela faz parte da mostra Baril'70, que desde 26 de junho celebra as sete décadas de vida do artista gaúcho Fernando Baril.
– É uma forma diferente de caracterizar o povo do nosso Estado, além de fazer uma provocação à cultura machista do gaúcho – comenta Baril.
Batizada de A Arte Vê a Moda, a obra foi produzida em 1995 para uma exposição homônima, organizada pela jornalista Célia Ribeiro. Na época, Célia havia escolhido imagens de vestidos e solicitado a um grupo de artistas que trabalhasse em cima delas. Baril – conhecido por sua visão crítica e quase escrachada do cotidiano – logo pensou na estátua-símbolo de Porto Alegre.
Em setembro do ano passado, uma de suas obras esteve no centro da controvérsia em torno da mostra Queermuseu, cancelada pelo Santander Cultural. Cruzando Jesus Cristo com Deusa Shiva, pintura de 1996, mostra um Cristo crucificado com uma série de braços extras, além de elementos que remetem à cultura pop, à cultura oriental e ao consumismo.
A exposição de Baril, com quase 200 obras de quase 50 anos de carreira, segue aberta a visitação no Margs até 4 de setembro, de terça-feira a domingo, das 10h às 19h.