No dia em que se completa um ano do ataque terrorista do Hamas em território israelense, a cotação do petróleo acelerou a alta e voltou a disparar nesta segunda-feira (7). Depois de subir 3,6%, passou da barreira psicológica de US$ 80: fechou cotado a US$ 80,93.
O barril do tipo brent acumula alta de 12,8% em sete dias, acelerada desde que ficou claro que o conflito no Oriente Médio, como se temia, foi ampliado e já envolve cinco países: Iêmen, Irã, Israel, Líbano e Síria.
A "entrada" do Iêmen no conflito ocorreu nesta segunda-feira (7), com a informação das forças armadas israelenses de que um míssil iemenita disparado na direção do centro da Israel foi interceptado pela defesa do país.
Atualmente, o Brasil fornece ao mundo mais petróleo do que o Irã - o pré-sal ajudou o país a se tornar o oitavo maior no ranking. Mas a terra dos aiatolás ainda é o nono maior produtor e tem a quarta maior reserva do planeta, só atrás de Venezuela, Arábia Saudita e Canadá.
É importante entender a diferença: o ranking dos maiores produtores contempla os que transformam jazidas em disponibilidade efetiva da matéria-prima, ou seja, retiram óleo e gás. O das reservas mostra o que têm mais potencial comprovado, mas que seguem sem extração.
Apesar de a cotação ter subido rapidamente, ainda não alcançou os níveis dramáticos atingidos em outros momentos. Segue longe, por exemplo, dos US$ 100 em que o barril chegou em 2013, quando as últimas pétalas da Primavera Árabe já murchavam e o ritmo da atividade global desafiava o equilíbrio entre oferta e demanda.
Mais recentemente, a invasão da Rússia à Ucrânia levou os preços do petróleo a cruzarem outra vez os três dígitos em dólares. Conforme analistas, desta vez o risco de um barril de pólvora é amenizado pela baixa pressão de demanda.
Conforme a consultoria especializada Rystad, há capacidade ociosa resultante de sucessivos cortes na produção determinados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nos últimos dois anos. É essa "folga" que evita disparadas ainda mais acentuadas durante o que a Rystad vê como "uma das mais profundas e abrangentes crises no Oriente Médio das últimas quatro décadas".
Uma escalada arriscada, ou como chegamos até aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.
- Na noite de segunda-feira (30 de setembro), Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Na terça-feira (1º/10), o Irã disparou mísseis contra Israel. A maioria foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel, que avisou ter intenção de retaliar.
- O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira (2) que a resposta será "precisa e dolorosa".