Desde que fracassou a negociação entre Petrobras e Ultrapar para venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, há dúvidas sobre o futuro da unidade gaúcha.
Na semana passada, na apresentação dos resultados, a estatal afirmou que voltará a fazer oferta pela Refap. Nesta quinta-feira (4), a Ultrapar afirmou que vai buscar adquirir outros negócios.
Ao comentar a dificuldade da Petrobras em vender refinarias — só foi concluída a negociação de duas das oito previstas —, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Claudio Mastella, reafirmou que o caso da Refap "não chegou a bom termo sobre as discussões de condições", mas admitiu que, na Repar, do Paraná, o problema havia sido "preço muito fora do valor mínimo".
Ou seja, pode-se concluir que, no caso da refinaria gaúcha, o problema não tenha sido preço, porque se a direção admitiu ser esse o empecilho no caso da unidade de Araucária (PR), não haveria porque não fazer o mesmo com a Refap. Mastella sustentou, no entanto, que a Petrobras segue determinada a privatizar as seis restantes e admitiu revistar as exigências para atrair mais interessados:
— Estamos redesenhando a forma de lançamento para aumentar a competitividade nos processos.
Frederico Curado, CEO da Ultrapar, dona da rede de postos Ipiranga, afirmou que o motivo do fracasso da negociação foi "o desequilíbrio da equação risco/retorno. Afirmou, ainda, que com os recursos obtidos nas vendas feitas para dar condições à compra da Refap poderão ser usados em outras oportunidades, possivelmente em gás natural e biocombustíveis. Mas detalhou que não se trata de mudança
— Não houve mudança de estratégia. Se, em dois anos, a Petrobras retomar o processo e o equilíbrio risco/retorno voltar a ser atraente, podemos voltar a olhar da mesma maneira. O desequilíbrio não era esperado. Queríamos ter feito o negócio. Como acabou se configurando no final da negociação, não faria sentido para nós.
Indagado sobre o motivo pelo qual o grupo não disputou a Sulgás, o executivo afirmou que o preço mínimo da fatia gaúcha na estatal não representava o retorno sobre o investimento esperado e que pode avaliar aquisição de futuras companhias estatais a serem privatizadas.