A pouco mais de um mês do leilão de privatização da Sulgás, marcado para 22 de outubro, uma polêmica que envolve um negócio fechado pela Petrobras pode se refletir na venda da distribuidora gaúcha.
Em julho, a Petrobras anunciou a venda de sua fatia na Gaspetro, subsidiária que tem 49% da Sulgás, para a Compass. Agora, entidades do setor de energia estão pedindo ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) que impeça o fechamento da venda.
Representantes de boa parte do mercado, a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro), e Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasodutos, ponderam que o negócio cria ainda mais problemas de concorrência no setor de gás natural.
O motivo das queixas é o fato de que a Compass já é dona da Comgás, de São Paulo, maior companhia de gás encanado do país em volume, de térmicas que geram energia alimentadas a gás e ainda atua na importação de gás natural liquefeito (GNL). Na visão das entidades é de que, em vez de aumentar a competição, a transação pode reduzi-la.
A venda da fatia na Gaspetro era um dos compromissos assumidos pela Petrobras com o Cade exatamente para estimular a concorrência. E a Compass, por sua vez, pertence ao grupo Cosan, que já concentra muitos ativos de energia no Brasil. É dono da maior produtora de etanol do país, a Raízen, e a rede de postos Shell, entre outros negócios.
Uma incerteza deste tamanho um mês antes do leilão da Sulgás tende a provocar maior cautela nos investidores, tanto sobre participar ou não da oferta quanto na definição do valor a ser oferecido. A fatia de 51% do governo do Estado na Sulgás tem preço mínimo de R$ 827,8 milhões, mas existe expectativa de disputa, portanto, de ágio. Além disso, a própria Compass era vista como uma provável interessada. Diante da pressão no setor, pode repensar a estratégia.