O cartão vermelho para o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, dado há sete meses, funcionou como um amarelo: já "pendurado", o guardião do cofre público comprou briga com o Congresso ao fazer jogo duro durante o impasse do orçamento, levou o segundo cartão e foi expulso.
Sua saída faz parte de uma dança de cadeiras no Ministério da Economia que inclui dois gaúchos em altos cargos: Jeferson Bittencourt assume a Secretaria do Tesouro Nacional e Ariosto Culau, ex-secretário do Planejamento no governo Yeda, vai para secretário de Orçamento Federal.
Como o cargo de Waldery equivale a um virtual número 2 no superministério comandado por Paulo Guedes, quem será "promovido" para seu lugar é Bruno Funchal, até agora secretário do Tesouro Nacional. E abre espaço para Bittencourt, atual assessor especial de Guedes na interlocução com o Congresso.
Bittencourt fez mestrado em Economia na UFRGS, período em que atuou no núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). O ex-secretário da Fazenda do Estado, Aod Cunha, que foi convidado para ocupar uma secretaria especial no Ministério da Economia, mas declinou, avalia que os dois gaúchos foram "ótima escolha":
— São técnicos de carreira, sérios, competentes, calmos e discretos.
Considerado técnico irrepreensível, Waldery teria sido vítima da falta de "jogo de cintura". No episódio do orçamento, prevaleceu o interesse eleitoral representado por reservas para emendas parlamentares que atingiram valor inédito em um dos anos de maior dificuldade de equilíbrio fiscal. Não é por acaso que Culau tenha substituído George Soares na secretaria de orçamento, depois que Guedes atribuiu o imbróglio a "macacos que desviaram a nave em Marte".
Também saem da equipe econômica a secretária do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), Martha Seillier, e a assessora especial para a reforma tributária, Vanessa Canado. Desta vez, não se trata apenas de saída por livre e espontânea vontade, como ocorreu em agosto com Salim Mattar e Paulo Uebel, mas é uma nova debandada do Ministério da Economia. Uma das teses é a de que a minirreforma interna é condição para que o superministério não seja fatiado.