A grande vencedora do leilão da Cedae, estatal de água e saneamento do Estado do Rio, que somou R$ 22,7 bilhões em outorgas, é a Aegea, parceira da Corsan na parceria público-privada que vai atender a nove municípios da Região Metropolitana.
A empresa ficou com dois dos quatro blocos ofertados e vai desembolsar R$ 15,4 bilhões. Um dos conjuntos ofertados, que incluía a zona oeste da cidade do Rio, mais seis cidades (veja detalhes abaixo) não teve oferta. A Aegea, única interessada, retirou a proposta depois de levar os dois anteriores.
O leilão traz boas e más notícias para o governo do Rio Grande do Sul, que pretende privatizar a Corsan em outubro. A Equatorial Energia, nova dona da CEEE-D, disputou com muito apetite o bloco 4 com a Aegea. Tanto que, mesmo não sendo considerado a "joia da coroa" do leilão, foi o que teve ágio mais elevado: 187,75%. Nas partes da Cedae arrematadas, o ágio ficou sempre acima de 100%.
No entanto, a falta de interessados no bloco menos atrativo confirma um dos pontos de alerta dos críticos da privatização: as empresas têm interesse no que pode trazer retorno rápido e elevado, mas áreas menos interessantes correm o risco de ficar desatendidas se o poder público não se mantiver presente.
No caso da Cedae, a modelagem procurou juntar "filé com osso", com se costuma dizer sobre segmentos mais suculentos e os menos apetitosos. Cada um dos blocos tinha uma região da cidade do Rio acrescido de cidades com menor renda. Mesmo assim, um deles não foi arrematado, não por acaso o que ficou com áreas de menor renda.
É bom lembrar que o plano do Piratini não é fazer um leilão nos moldes em que a Cedae foi fatiada. A intenção é fazer uma capitalização com diluição do controle estatal e manutenção de uma fatia pública de 30%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro estiveram na bolsa de valores assistindo o leilão, o maior na área de infraestrutura do Brasil.
Quem ganhou o quê
Bloco 1: zona sul do Rio e 18 municípios (São Gonçalo, Aperibé, Miracema, Cambuci, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo, Casimiro de Abreu, Cordeiro, Duas Barras, Magé, Maricá, Itaocara, Itaboraí, Rio Bonito, São Sebastião do Alto, Saquarema, São Francisco de Itabapoana e Tanguá)
Vencedor: Aegea Saneamento
Valor: R$ 8,2 bilhões
Ágio: 103,13%
Bloco 2: Barra da Tijuca e Jacarepaguá, no Rio, e as cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes
Vencedor: Iguá Saneamento
Valor: R$ 7,286 bilhões
Ágio: 129,68%
Bloco 3: zona oeste do Rio (exceto Barra e Jacarepaguá), três cidades da Baixada Fluminense (Itaguaí, Seropédica e Paracambi) e três do Sul do Estado (Piraí, Rio Claro e Pinheral)
Não houve interessado
Bloco 4: centro e zona norte do Rio, mais oito cidades da Baixada Fluminense (Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Queimados e São João de Meriti)
Vencedor: Aegea
Valor: R$ 7,203 bilhões
Ágio: 187,75%