Correção: o resultado de 2020 da CEEE-GT é apenas aos primeiros nove meses, porque o balanço anual ainda não foi apresentado. O texto atual já foi corrigido.
Depois de provocar polêmica com o lance de R$ 100 mil pela estatal de distribuição de energia, o Piratini fixou um preço mínimo muito diferente para o braço de transmissão da CEEE: R$ 1,698 bilhão.
Em comunicado ao mercado, o Grupo CEEE definiu o valor para o leilão que, segundo o governo do Estado, ainda pode ser realizado no mês que vem.
Em tese, esse deve ser o valor mais alto entre as três áreas da companhia, porque é o segmento do setor elétrico brasileiro considerado mais atrativo, inclusive por ter menos problemas regulatórios.
Em fato relevante, a CEEE confirmou que vai vender separadamente os ativos de transmissão (espécie de transporte de energia "no atacado", entre a geração e a distribuição) e os de geração, que incluem hidrelétricas e participações em parques eólicos.
No documento enviado ao mercado, a companhia informa:
"O valor econômico mínimo da operação aprovado pela Controladora para a alienação de sua participação total, equivalente a 66,06% do capital social, será de R$ 1.698.790.147,02 (um bilhão, seiscentos e noventa e oito milhões, setecentos e noventa mil, cento e quarenta e sete reais e dois centavos), observados os termos e condições estabelecidos no edital de leilão, a ser oportunamente divulgado."
A diferença de preço tem uma explicação simples para quem acompanha a situação financeira do grupo: enquanto a distribuidora teve em 2020 o maior prejuízo de sua história, de R$ 1,6 bilhão, outra divisão, que inclui a transmissão e a geração, tem lucro. Conforme balanço registrado na Comissão de Valores Mobiliários, a CEEE-GT teve lucro de R$ 265,42 milhões nos primeiros nove meses de 2020, menos de R$ 1 milhão acima do obtido no mesmo período do ano anterior.
Embora projete entrada de recursos consideráveis aos cofres do Estado, a venda da CEEE-T deve embutir mais polêmica. Em e-mail à coluna, Carlos Eduardo Vieira da Cunha, ex-presidente da companhia, questionou:
— Fico pensando o que alegará agora o governador para dar os próximos passos no seu projeto de entrega do patrimônio público. Certamente achará outras justificativas para se desfazer da CEEE-G e CEEE-T, que são lucrativas. E quanto a Corsan e Banrisul, que já estão na fila, qual será o discurso?