A coluna torce para que o maior número possível de vacinas eficazes contra a covid-19 chegue ao Brasil, mas depois do trabalho da ciência, vem o da economia: é preciso apostar no melhor custo/benefício, inclusive pensando em diversificação de esforços.
Então, se pudermos contar com a vacina de Oxford, a do Sinovac, a da Pfizer e BioNtech, a da Moderna, a Sputnik V e qualquer outra que tenha eficácia comprovada, melhor. Mas se há uma vacina crucial para o Brasil, é a de Oxford e da AstraZeneca.
Para deixar mais claros os motivos pelos quais a coluna tem grandes expectativas sobre essa vacina em particular, embora torça para que seja possível contar com todas as demais, fica mais fácil apresentar os argumentos em lista:
1. Velocidade: será uma das primeiras a ficar pronta, muito provavelmente ainda neste ano
2. Custo: a promessa é de que terá um dos preços mais baixos entre as vacinas, inclusive com lotes distribuídos gratuitamente. O valor não está definido, mas há estimativas de preço ao redor de US$ 3 para países de baixa e média renda, como o Brasil.
3. Logística: diferentemente das imunizações da Pfizer, que exige refrigeração de -70ºC, e da Moderna, que demanda -20ºC, pode ser transportada e mantida em temperaturas de 2ºC a 8ºC por seis meses. Isso significa que menor necessidade de investimentos na chamada "cadeia do frio", ainda mais no Brasil, que tem competência histórica em distribuir esse tipo de medicação.
4. Participação brasileira: em uma reconhecida parceira nacional, a Fiocruz, que está pronta para produzir assim que houver liberação. A fundação prevê que seja possível vacinar 65 milhões de brasileiros no primeiro semestre de 2021 e outros 65 milhões até o final do próximo ano. Dependendo da velocidade da aprovação, pode começar entre o fim de fevereiro e o início de março.
5. Caminho aberto: é a única vacina que já tem acordo fechado com o governo brasileiro para compra e distribuição. É com foco nessa imunização que empresas gaúchas já estão preparando aumento na capacidade de armazenamento.
6. Distribuição justa: faz parte do acordo Covax, estabelecido com a Organização Mundial da Saúde, para evitar que os países mais ricos abocanhem grandes lotes e causem escassez para os demais.
Entre as desvantagens da vacina de Oxford, está a necessidade de aplicação de duas doses. Isso significa duplicidade de logística até cada um dos cerca de 40 mil postos de saúde. A estimativa de produção global de 3 bilhões de unidades em 2021 enche os olhos até se perceber que significa imunizar 1,5 bilhão de pessoas. Mas ainda é um quinto da população da Terra.
E se há algo que a vacina da Oxford ainda deve é uma explicação convincente sobre o resultado mais intrigante dos testes: os resultados foram melhores para os pacientes que receberam meia dose, em vez de uma completa, na primeira aplicação. Pode até ser uma boa notícia, porque exigiria menor quantidade de imunizante e, portanto, alcançaria um percentual ainda maior da população. Mas nesse universo de incertezas, uma boa justificativa deixaria todos mais tranquilos.