Andrea Kohlrausch havia se tornado presidente da Bibi Calçados há menos de um ano quando a pandemia obrigou a empresa a mudar toda sua programação para o ano em poucos dias. A empresa usou férias coletivas e redução de jornada, mas não demitiu por causa da pandemia. Em agosto, a produção voltou ao normal e, agora, a empresária vê sinais de retomada. A empresa, que tem indústria e uma rede de franquias de lojas da marca, já abriu quatro lojas depois da retomada e ainda prevê mais três no Exterior ainda neste ano.
Distanciamento
"Neste momento, estou em casa, porque meu esposo testou positivo para a covid-19. Faz uma semana, ele tem sintomas bem leves, mas estamos em quarentena. Antes, passava períodos em casa e outros na empresa. A indústria de calçados tem mão de intensiva e não consegue fazer home office. Precisamos dar férias coletivas, depois adotamos jornadas reduzidas, e, em agosto, conseguimos retomar 100% da produção. Setembro foi o primeiro mês completo de trabalho. Conseguimos entrar no movimento Não Demita e mantivemos cerca de 1,2 mil empregos, incluída a unidade da Bahia."
Leitura e lazer
"Participei de muitas lives, vi algumas séries e filmes, como O Dilema das Redes. O livro que estou lendo agora é Avalie o que Importa (Bruno Menezes e John E. Doerr), sobre gestão de OKRs (Objectives and Key Results, metodologia de acompanhamento de resultados adotada pelo Google). Também estou passando um momento único com meus filhos Luísa, de 11 anos, e Augusto, de três. Fizemos uma escala familiar para que eles possam brincar e socializar. O ser humano é um ser social, é importante ter essa socialização. A sorte é que o Augusto tem uma prima da mesma idade. Levamos para andar de bicicleta, haja criatividade. Eu, que estava mais sedentária, retomei a corrida pelas ruas."
Combate ao coronavírus
"Não há solução ainda, mas já estamos voltando às atividades voltando. Houve muito desencontro de informações, então tivemos de tivemos de olhar internamente para tomar decisões. Exportamos para mais de 60 países, lidamos com situações muito diversas, como no Peru, onde houve dias que os homens não podiam sair, e na Argentina, que segue muito fechada. Como a empresa já desenvolvia muitos projetos de transformação digital, aceleramos. E apoiamos nossa rede de franquias. Orientamos sobre como atuar no e-commerce, demos ferramentas para as lojas, orientamos sobre as MPs e a prorrogação do prazo para recolher impostos, ajudamos nas negociações com shoppings. As lojas tiveram de ir atrás dos clientes. Ajudamos a ativar o delivery, adotar mecanismos antifraude, a trabalhar nas redes sociais de cada loja, fizemos até peças para o Instagram e incentivamos a venda humanizada pelo WhatsApp."
Reflexões
"É muito importante para as empresas ter uma cultura forte, que integre as pessoas. A Bibi tem 71 anos porque sempre teve a coragem de inovar. E agora vai intensificar a inovação. Temos preocupação com a sustentabilidade e buscamos o equilíbrio nas ações com todo mundo com quem a gente trabalha. Nunca se viveu nada parecido em 71 anos, por isso foi importante o apoio conselho de governança, para escutar a voz da experiência. Cultivamos muito a empatia, a disposição de estar sempre aprendendo, e a pandemia só reforçou esses princípios."
Aprendizado
"Uma das frases que tenho usado muito é 'quem tem um porque enfrenta qualquer como'. A empresa tem um propósito claro, que é contribuir para o desenvolvimento feliz e natural das crianças. É importante que cada marca, cada pessoa, busque seu propósito. Não há um novo normal, vamos ter um mundo anormal, em que as mudanças vão se acelerar, com novas ideias, aumento de acesso a informação e tecnologia. Nessa retomada, já inauguramos quatro lojas, abrimos a segunda no Equador, a primeira internacional do ano, e ainda temos perspectiva de abrir mais três no Exterior neste ano. Ainda não conseguimos vencer o coronavírus, mas estamos retomando com prevenção e segurança."