O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Os próximos dias são considerados cruciais para o país tentar reduzir o choque do coronavírus na economia. Segundo analistas, depois de anunciar ações iniciais de combate aos prejuízos, o governo Jair Bolsonaro terá de deixar claro como fará a operação das medidas. Trata-se de uma verdadeira corrida contra o relógio.
Uma das principais medidas costuradas até o momento é o auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais, que deve ser aprovado nesta segunda-feira (30) no Senado. Economistas de diferentes linhas de pensamento elogiam a proposta, mas mencionam que há dúvidas sobre como fazer a ajuda chegar rapidamente até quem precisa. Ou seja, a parte logística surge como desafio adicional neste momento.
Neste domingo (29), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pretende usar informações dos municípios sobre trabalhadores informais para levar adiante o projeto. Guedes, aliás, também chamou atenção na sexta-feira (27). Em vídeo, afirmou não haverá falta de recursos "para defender vidas, saúde e empregos dos brasileiros". A manifestação sinaliza mudança no tom de seu discurso, que antes buscava exaltar as reformas como antídoto aos prejuízos causados pelo coronavírus.
A confirmação de medidas robustas contra a crise e que, portanto, elevem os gastos públicos é defendida por economistas de maneira praticamente unânime. Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Marcel Balassiano se define como liberal, mas diz que não há outra saída neste momento a não ser a intervenção do Estado. Na visão do economista, a missão inicial do governo durante a crise é dar socorro a camadas mais desfavorecidas da população – entre elas, a dos informais.
Balassiano acrescenta que o coronavírus provoca pânico porque paralisa ramos diversos do setor de serviços, que responde por mais de 60% do PIB nacional. Ou seja, é o principal segmento econômico, contemplando o comércio. Diante da situação, entidades como o Sebrae promovem ações para tentar auxiliar pequenos negócios a superar as dificuldades.