Caindo no real
O dólar abriu a semana com alta diária acima de 1% ante o real. O mercado tenta realinhar expectativas para a atividade econômica do Brasil 2020 à luz dos dados de novembro de 2019: queda de 1,2% na indústria, avanço tímido de 0,6% no comércio e recuo de 0,1% nos serviços. Não é o caos, mas o otimismo foi regulado. Durante a semana, o IBC-Br, antes conhecido como "prévia do PIB" veio positivo, para surpresa de muitos analistas, mas bancos respeitados, como o Itaú Unibanco, calcularam leve recuo no PIB (-0,1%) em novembro de 2019.
Trump e o Brasil
No mesmo dia, o presidente dos EUA , Donald Trump, afagou o Brasil tirando a trava à adesão à OCDE, o "clube dos ricos", e assinou a primeira fase do acordo com a China, cobrando dos parceiros a compra de produtos agrícolas americanos. Para o Estado, o desvio das compras chinesas é um grande risco. E no caso da OCDE, como atropelou sem cerimônia a suposta "ordem de inscrição" – um dos argumentos usados à época para justificar a quebra de uma promessa – ficou claro que Trump havia preterido o Brasil em outubro passado.
Pirueta aérea
A Azul comprou a TwoFlex por R$ 123 milhões. No Estado, a empresa de aviação regional presta serviços à Gol, pelo acordo que reduz o ICMS do combustível em troca do aumento da conexões aéreas com o governo do Estado. A Azul prometeu "não deixar ninguém na mão", e a Gol afirmou que nada muda. Ou seja, o serviço está mantido, por ora. Mas foi uma pirueta digna da Esquadrilha da Fumaça.
A desestatizar
Na terceira semana de 2020, o Planalto definiu metas para concessões, com 79 projetos do Plano de Parceiras de Investimentos (PPI) e as "300" privatizações da Secretaria de Desestatização. O número vai em aspas porque, segundo o próprio secretário, Salim Mattar, 200 são subsidiárias da Eletrobras. O problema é que a semana não terminou antes de um episódio com potencial para afugentar investidores de todas as latitudes, a paródia de Goebbles perpetrada pelo secretário de Cultura, Roberto Alvim.