Na última vez em que a coluna mencionou movimentos cambiais, o dólar ameaçava romper o piso de R$ 4, o que não ocorria desde o início de novembro. Nesta segunda-feira (13), a moeda americana passou de R$ 4,14, com alta de 1,18% em um só dia. A pressão no câmbio destoa do clima benigno no Exterior, com expectativas favoráveis sobre a formalização da trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mesmo no Brasil, a bolsa sobe cerca de 1,5%, retomando o patamar de 117 mil pontos depois dos dias de preocupação com a situação no Oriente Médio.
Sem motivos claros e aparentes para a alta, os analistas se dividem. Um grupo avalia que a causa seria a projeção de novos cortes no juro básico diante de sinais de que a inflação voltará a se comportar em 2020, depois da arrancada no final do ano passado. Outra turma atribui o mau humor cambial à frustração com indicadores que marcou o início do ano, tanto a balança comercial de 2019 quanto a produção industrial de novembro.
Um terceiro ponto de vista é de que os operadores estariam testando a disposição do Banco Central de intervir no mercado. Ou seja, seria uma espécie de provocação velada, com objetivo de obter retorno, avalia Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. O que chama atenção é que na semana passada, mesmo diante de uma fonte de inquietação – o risco de escalada no conflito do Oriente Médio –, a moeda americana teve altas diárias, mas bem mais suaves. Por fim, outros analistas veem na assinatura da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China um risco às exportações brasileiras. Uma das exigências dos americanos para o acerto é que os chineses comprem mais produtos agrícolas dos americanos.