O secretário da Cultura, Roberto Alvim, afirmou que as similaridades entre seu discurso e do ministro nazista Joseph Goebbels foram uma "coincidência retórica". Em texto publicado em seu perfil no Facebook, o dramaturgo, no entanto, declarou que "a frase em si é perfeita". Leia na íntegra:
"UM BREVE ESCLARECIMENTO SOBRE MEU DISCURSO. O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira... é típico dessa corja.
repito: foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. eu não citei ninguém. e o trecho fala de uma arte [sic] heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. não há nada de errado com a frase. todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de [sic] Goebbles... não o citei e JAMAIS o faria.
foi, como eu disse, uma coincidência retórica. mas a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver na Arte nacional".
A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada
ROBERTO ALVIM
Secretário da Cultura do governo Bolsonaro
O vídeo que gerou toda a polêmica foi publicado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro para divulgar o Prêmio Nacional das Artes. Nele, Alvim repete frases de um discurso de Goebbels ao som da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra que Hitler afirmou ter sido decisiva em sua vida.
— A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada — diz o secretário.
A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada
JOSEPH GOEBBELS
Ministro de Cultura e Comunicação de Hitler
De acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich, a fala do nazista foi a seguinte:
— A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.