Enquanto o período entre abril e junho foi dominado pelo risco de novo mergulho na recessão técnica, o terceiro trimestre de 2019 se encerra embalado em perspectivas positivas. Desta vez, a especulação não se foca na ameaça de retração, mas em quanto
teria sido o avanço. Conforme Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, os indicadores já conhecidos e outros antecedentes mostram que "parece afastada a hipótese de retração ou de crescimento nulo do PIB".

Entre esses sinais, destaca o termômetro da concessão de crédito bancário de agosto, que mostrou expansão mensal. Essa ampliação, observa, ocorreu ainda no período anterior aos cortes no juro básico. Por isso, projeta aceleração no ritmo do aumento de crédito. Oliveira lembra que o consumo das famílias, maior peso no ritmo da atividade econômica, depende da renda disponível e do crédito. Se o custo do crédito cai, sobe a concessão e, em consequência, a venda no varejo. Cita dados de julho que mostram alta maior em segmentos do comércio que dependem mais de crédito do que de renda, como o de veículos, que cresceu 11,9%, e o de material de construção, que avançou 4,5%.

Nem tudo são flores nesta virada de calendário, pondera. Os dados de emprego formal do Caged, que vieram acima do esperado,  mostram criação de vagas em ritmo de 600 mil ao ano, insuficiente para manter o desemprego estável no ano. Os da Pnad do IBGE confirmam reação abaixo da necessária. Mas como o mercado de trabalho é sempre o último elo de novos ciclos, para o bem e para o mal, Oliveira diz que os indicadores permitem afirmar que a economia está se acelerando em relação aos trimestres anteriores:

– Os dados já divulgados permitem dizer que o pior passou, e que a próxima etapa é de alguma aceleração do crescimento, principalmente a partir de meados de 2020.

Desta vez, assegura, não é otimismo.  Oliveira avalia que estão se formando pré-condições para crescimento superior a 0,75% nos próximos trimestres, que em termos anuais significaria 3% ao ano.

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