O tamanho do problema do universo do emprego no Brasil foi escancarado pelos números apontados pelo IBGE nesta sexta-feira (27). Além dos 12,8 milhões de desempregados, os brasileiros que trabalham sem carteira assinada, por conta própria ou outras formas que passam longe da carteira de trabalho são recorde: 38,8 milhões. Na semana em que o resultado do Caged, de registro formal, deu alento, é um lembrete de quanto estamos longe de qualquer normalidade nessa área.
O que funciona como um escudo a uma crise social, como disse em julho à coluna o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, são instrumentos como o seguro-desemprego e o Bolsa Família. Não fosse esse anteparo, que permite uma sobrevivência dura, mas ainda dentro do padrão de alguma civilização, a crise social estaria mais evidente do que parece para muitos brasileiros.
É diante dessa realidade que cresce a pressão para que o governo federal adote medidas para ampliar o emprego no país. A constatação de que, sem sinais claros de retomada do mercado de trabalho – o que infelizmente não ocorreu com os dois indicadores mais recentes –, pode não se confirmar sequer a magra expectativa chancelada na quinta-feira pelo Banco Central, de 0,9%.
Considerando que nos dois anos anteriores, com choques como a caso Joesley e a greve dos caminhoneiros, o desempenho foi melhor, o Planalto terá de se explicar. Não se trata aqui de resolver os problemas dos últimos 30 anos em 12 meses, mas de entregar, ao menos, resultados compatíveis com as atuais circunstâncias. A turbulência global se acirrou, mas não rivaliza com os tremores internos do passado.