A queda de 0,6% na produção industrial de junho, em relação ao mês anterior, anunciada nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE, reforça o temor de que o Brasil volte a entrar em um período chamado de recessão técnica, caracterizado por dois trimestres seguidos de recuo no Produto Interno Bruto (PIB). Na comparação com junho de 2018, o tombo foi feio: 5,9%.
O IBGE calcula o indicador também no sistema de trimestres móveis, ou seja, a cada três meses, independentemente se formam ou não os trimestres tradicionais (jan/fev/mar, abr/mai/jun, jul/ago/set, out/nov/dez).
E como junho fecha o segundo trimestre, o dado do período já é conhecido: queda de 1%. Os outros dois setores mais importantes da economia também tiveram dados negativos nos últimos meses, portanto será difícil esperar uma variação positiva do PIB, que será anunciado pelo IBGE no próximo dia 29. No primeiro trimestre, o PIB já teve recuo de 0,2%. André Perfeito, economista-chefe da Necton, interpreta que os dados da produção industrial confirmam a perspectiva de PIB negativo entre abril e junho, ainda que muito discreto.
Sua projeção é de recuo de 0,1% na atividade econômica em geral. Isso leva a uma estimativa de crescimento no ano de tímidos 0,5%. O economista voltou a revisar essa tendência, que havia subido de 0,5% para 0,6% por conta da liberação parcial dos dos recursos do FGTS. A desaceleração reforça a importância da decisão tomada ontem pelo Banco Central, que cortou o juro básico de 6,5% para 6% ao ano. Na avaliação de Perfeito, não será juro menor que irá reverter a tendência de desaceleração:
– Apenas a elevação de gastos correntes pode tirar a economia da desaceleração no curto prazo. Os canais de transmissão do juro básico para a economia estão obstruídos. O governo talvez use bancos públicos para destravar estes canais, mas isso iria contra a perspectiva ortodoxa do ministro Paulo Guedes.