Desde o começo do mês, a RGE e a RGE Sul são uma única empresa: a RGE. Com a junção das marcas, a companhia do grupo CPFL tornou-se responsável pelo abastecimento de 65% de toda a energia elétrica distribuída no Rio Grande do Sul. Na entrevista a seguir, o presidente da RGE, José Carlos Tadiello, afirma que a união poderá beneficiar o atendimento aos consumidores.
Quais são os efeitos que a junção entre as distribuidoras pode gerar à operação da empresa e aos consumidores no Estado?
O agrupamento estava previsto desde a aquisição da antiga AES Sul (que virou RGE Sul, em 2016). Passamos por processo de integração. Faltava a anuência da Aneel para fazer o agrupamento em 1º de janeiro. O que está acontecendo agora é a criação de uma grande empresa de distribuição no Rio Grande do Sul. O agrupamento tem muito a ver com a utilização de custos administrativos e operacionais. Tínhamos duas sedes. Antes, sem a anuência da Aneel, precisávamos manter as duas operações separadas. Refizemos a estrutura logística e operacional.
O atendimento vai melhorar para o consumidor. Além disso, vamos seguir com investimentos. Em 2017, investimos R$ 803 milhões nas duas concessões. Substituímos 83 mil postes de madeira pelos de concreto. Em 2018, até o terceiro trimestre, investimos R$ 485 milhões nas duas concessões e trocamos 54 mil postes de madeira. Queremos substituir na faixa de 80 mil postes por ano. É uma logística enorme para melhorar a rede. Estamos observando melhoria em nossos indicadores operacionais.
Por que a nova companhia optou por fixar sua sede em São Leopoldo, onde ficava a da RGE Sul, e não em Caxias do Sul, onde estava a da RGE?
Como o CNPJ que restou foi o da RGE Sul, de São Leopoldo, decidimos manter a sede na cidade. Também há a questão de ficarmos mais perto de toda a Região Metropolitana. Em Caxias, temos um grande prédio que será mantido.
Em dezembro, a CPFL arrematou lote que prevê investimento de R$ 348,9 milhões no setor de transmissão de energia no Estado. Qual o impacto disso para a RGE?
Esse é outro braço do grupo. Mas, da mesma forma que temos plano estratégico para distribuição, a área de transmissão tem o seu para crescer. Para nós, isso (o lote arrematado) também é importante.
A CPFL é controlada pelos chineses da State Grid. Quais os impactos da atuação do grupo asiático dentro da RGE?
O que temos visto é o apoio para fazer os investimentos e para que o fornecimento de energia alcance seus indicadores adequados. É isso que estamos recebendo dos nossos acionistas. Por enquanto, todo o apoio é no sentido de melhorar as condições de atendimento.
Com a junção das duas concessionárias, a nova RGE ficou com cerca de 3,6 mil funcionários. Há projeção de contratações ou, por outro lado, de cortes de vagas?
Esse número já está ajustado ao planejamento da empresa. Temos em torno de 80 ou 100 vagas abertas para funções operacionais. O número de hoje está dentro da normalidade. Em uma companhia desse porte, há ajustes normais, até porque muitas pessoas saem e são repostas. A nova RGE já nasce grande.
Quando vai ocorrer o reajuste das tarifas da distribuidora?
A Aneel ainda vai calcular o reajuste. O da RGE Sul seria em abril, mas vai passar para junho, assim como o da RGE. Será em junho para se respeitar o prazo de 12 meses em relação ao reajuste anterior que os clientes da RGE haviam tido. Os reajustes não podem ser feitos em menos de 12 meses.
Qual o cenário para o setor de energia em 2019?
O cenário para o setor de energia é de crescimento. Estamos fazendo investimentos de acordo com as projeções que recebemos para atender ao mercado futuro. Não dá para só ficar esperando o mercado crescer. Nosso cenário mira no médio e longo prazos.