A partir de 1º de janeiro, uma nova lógica de poder passará a guiar a vida e a economia brasileiras. A mudança de governo não representará apenas diferença de visão política.
Há convicção entre o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e seus assessores mais próximos,
de que o país precisa de quebra de paradigmas, expressão que se tornou clichê mas que traduz a orientação que vai da equipe econômica aos grupos mais próximos dos militares.
Apesar da disposição de não consumir capital político desnecessariamente antes da aprovação da reforma da Previdência, é bom lembrar que, traduzida para a vida real, quebra de paradigmas significa sustos e reviravoltas. Melhor se preparar para surpresas como o fim da obrigatoriedade da implantação da tomada de três pinos – apenas um exemplo eloquente de quanto a vida vai mudar no governo Bolsonaro.
O tema foi estudado pelo grupo mais próximo do futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, a ponto de ter sido debatida a conveniência de banir a tomada de três pinos. A conclusão foi de que, depois de sete anos e meio de adoção compulsória, essa decisão provocaria efeito semelhante ao da exigência – gastos desnecessários, com resultados incertos. O que está encaminhado, portanto, faltando ainda apenas a palavra final de Bolsonaro, é o fim da obrigatoriedade.
Mesmo definida em 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso, pelo então presidente do Inmetro, Armando Mariante Carvalho Jr., a proibição de vender aparelhos não equipados com três pinos e plugues com outro formato foi associada ao governo Dilma Rousseff por ter passado a vigorar em julho de 2011. Como além dos três pinos, a tomada ganhou formato hexagonal, foi associada à heterodoxia – ou, em bom português, às esquisitices – do governo de Dilma. Teve ferrenhos adversários, especialmente porque representou gastos extras, estimados em R$ 1,4 bilhão para troca das instalações em cerca de 60 milhões de residências, e porque se mostrou ineficiente.
A intenção era dar mais segurança e proteção a choques, mas o número de acidentes cresceu. Descobriu-se, então, que o terceiro pino, concebido para atuar como seguro contra acidentes, só fazia sentido em casas com aterramento, o que só existe em metade dos lares.