Ao contrário da maioria dos brasileiros, que teve reações entre o espanto e o susto com duas decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o mercado financeiro nem piscou. O dólar fechou em baixa, para R$ 3,873, o menor valor da semana.
A bolsa seguiu trafegando acima dos 87 mil pontos – achou espaço até para subir, pouco depois da liminar concedida por Marco Aurélio Mello, concedendo liberdade a todos os condenados por decisões de segunda instância.Só muito no final da tarde, a bolsa colou na sua referência e acompanhou a queda em Nova York.
– O mercado não reagiu porque não há qualquer consequência prática no quadro político ou na economia. Todos os especialistas que mandaram interpretações avaliam que a decisão seria ser cassada pelo presidente do STF – interpretou Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
– Lula só era visto como ameaça pelo mercado se entrasse no processo eleitoral. E a medida do Marco Aurélio não foi encarada como geradora de insegurança jurídica porque é limitada, ainda cabia decisão do Dias Toffoli – reforçou André Perfeito, economista-chefe da corretora Spinelli.
Nem o que poderia reforçar a imagem de insegurança jurídica do Brasil, com uma decisão a cada dia em sentidos opostos estressou investidores e especuladores. A bolsa só reagiu ao desânimo em Nova York provocado pela frustração em relação ao discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos). Embora o Fed tenha feito exatamente o que o mercado esperava – elevou o juro de referência, mas avisou que as altas serão mais suaves em 2019 –, não as tirou de cenário.
– O mercado queria algo mais enfático, e Powell acabou não atendendo a essa aspiração. Analistas vinham insistindo na tese de que há raríssimos aumentos de juros quando o mercado está em queda, como agora. Mas ele não disse isso – reforçou Kawall.