É possível que, dentro de pouco tempo, a história do brasileiro Marcos Eduardo Elias, fundador da consultoria de investimentos Empiricus, torne-se base de um roteiro da clássica história de um gênio das finanças que se perdeu entre a ganância e o oportunismo. Elias deixou a Empiricus em 2012. Em contato com a coluna, a empresa lembra que não está sendo acusada ou processada nesse caso e se descreve como uma "publicadora de conteúdo que vive de venda de assinaturas mensais". O principal legado de Elias à Empiricus foi a linguagem agressiva em relatórios. Neste ano, a empresa vinha enfrentando problemas.
Na semana passada, Elias foi preso na Suíça e extraditado para os Estados Unidos sob a acusação de desviar cerca de US$ 750 mil de clientes de contas bancárias de brasileiros em Nova York. Elias foi enquadrado nos crimes de conspiração para cometer fraude, com pena máxima de 30 anos de prisão, fraude em transferência bancária, outros 30 anos, receptação de produto de furto, mais 10 anos. Segue roteiro comum a outros personagens com perfil semelhante.
O principal legado de Elias se manteve na Empiricus no tom de seus anúncios, no tumultuado período pré-impeachment, em 2016. Clamavam que o dólar chegaria a R$ 10 – a máxima foi de R$ 4,2631 –, prometendo o investimento perfeito para encarar a turbulência. Projetavam chegada da bolsa a 100 mil pontos – não passou de 88 mil – e 10 anos de recessão no Brasil – até agora, foram dois. Era um profissional com baixa aderência a códigos de conduta.
O mais conhecido é Michael Milken, considerado o criador do mercado de junk bonds – títulos de alto risco e grande rendimento – entre os anos de 1970 e 1980. Virou bilionário antes de ser acusado de extorsão e fraude e se tornou ainda mais famoso por servir de base para o personagem de Michael Douglas no filme Wall Street. No ano passado, quem esteve no Brasil para uma série de palestras com ingressos caros foi Jordan Belfort, cuja história rendeu o roteiro de O Lobo de Wall Street. Quem conhece a história diz que 90% do filme é bastante fiel aos fatos. Belfort foi acusado de lavagem de dinheiro e fraude com ações e cumpriu pena de quatro anos de prisão antes de se tornar palestrante "motivacional".