A assinatura dos contratos entre a Eletrosul e as chinesas Shanghai Electric e Zhejiang Energy, marcada para hoje, representa o fim de uma longa novela. Resultará em investimento de R$ 3,967 bilhões no Estado. A execução das obras de infraestrutura do
Lote A – 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão, oito novas subestações (SEs) e 14 ampliações de SEs representa contratos para fornecedores locais e milhares de empregos temporários.
As chinesas ficam com a parte do leão do Lote A – usarão tecnologia e equipamentos próprios. Mas será destravado um potencial de investimentos de cerca de R$ 11 bilhões em geração de eletricidade no RS, principalmente eólica. Ricardo Pigatto, diretor da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), estima que abra caminho para projetos que somam 2,5 mil megawatts e
já se cadastraram para leilões de energia, melhor oportunidade para tirar os planos do papel. Na ponta
do lápis, seriam R$ 11,3 bilhões. É uma estimativa conservadora, ou seja, cautelosa.
Até agora, um diagnóstico do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de que não havia capacidade de novas conexões no Estado impedia a aprovação de mais parques movidos a vento. As obras ficarão prontas em quatro anos, o que significa que só projetos para depois de 2022 poderão ser encaminhados. Mas é melhor do que a situação até agora, que não dava perspectiva.
– Vamos defender que os chineses sejam estimulados a dar prioridade às linhas que fazem conexão com o sul do Estado, já que se concentram lá os projetos eólicos – diz Pigatto.
Para este ano, não há previsão de leilões federais importantes. Mas o dirigente espera que, a partir de 2019, seja retomado o ritmo de duas disputas anuais. A venda da geração futura em leilão dá as garantias necessárias para financiar as obras.
Estado e país não enfrentam nó na oferta de energia só porque a economia andou para trás por dois anos e patina durante outros dois. Para sair do atoleiro, será preciso força, gerada pela eletricidade.