Em ato no Palácio Piratini, a Eletrosul – subsidiária da Eletrobras – assinou acordo nesta sexta-feira (17) com a Shanghai Electric para que a gigante chinesa assuma um conjunto de obras no Rio Grande do Sul, com início previsto para abril de 2018. Trata-se de um investimento de R$ 3,97 bilhões, que envolve a construção de 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão, além de oito novas subestações e da ampliação de 13 subestações já existentes.
A concretização do negócio está sujeita à aprovação interna pelos conselhos de administração das empresas e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo integrantes das duas companhias e do governo do Estado, a expectativa é de que os trabalhos possam gerar 10 mil empregos diretos e indiretos. O principal objetivo do empreendimento é tornar mais eficiente o abastecimento de energia na Região Metropolitana.
– Esse acordo é um grande avanço. É segurança energética para quem deseja investir no Rio Grande – disse o governador José Ivo Sartori, que participou da cerimônia com empresários chineses e brasileiros.
O novo sistema também garantirá o escoamento da produção dos futuros parques eólicos do Estado e, segundo o secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, trará resultados perceptíveis no dia a dia da população.
– Todos serão beneficiados. No auge do verão, quando tudo isso estiver concluído, muito provavelmente os gaúchos não terão mais problemas de energia. Vão poder curtir o ar-condicionado com tranquilidade – afirmou Lemos, satisfeito com o desfecho do que definiu como "uma novela".
Em 2014, a Eletrosul assumiu a responsabilidade pelo projeto ao arrematar o lote de obras em leilão promovido pela Aneel. Um ano depois, sem recursos para cumprir o compromisso, lançou chamada pública para buscar companhias dispostas a se associarem na tarefa e obteve sinalização positiva da Shanghai Electric.
Agora, o grupo chinês tem até março do próximo ano para constituir uma sociedade de propósito específico (SPE), que receberá a concessão para concretizar o plano. Ao todo, 69% da SPE serão assumidos pela Shanghai e o Clai Fund, um fundo controlado pelo governo chinês para investimentos na América Latina. Os outros 31% ficarão com a Eletrosul.
Depois dessa etapa, começará a contar prazo de 48 meses para a conclusão das obras. Isso significa que, se tudo der certo, o complexo deverá estar finalizado até 2022. Embora evite falar em datas, o presidente da Eletrosul, Gilberto Odilon Eggers, disse acreditar que será possível finalizar a maior parte dos objetivos em 36 meses.
Quanto às contrapartidas e a origem dos recursos em jogo, Eggers afirmou que o aporte a ser feito pelas partes do negócio será proporcional à parcela de participação de cada empresa na SPE:
– Ainda estamos avaliando qual será esse percentual. Cada um entrará com um valor e o que restar será financiado na China e, possivelmente, junto ao BNDES.
Presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior comemorou o resultado, afirmando se tratar "do fim do início", em referência às idas e vindas dos últimos anos.
– Agora, de fato, estamos começando – brincou.