Apesar do anúncio, feito pela própria Eletrobras no início de junho, de um acordo preliminar para que a chinesa Shanghai Energy assumisse as obras de reforço no sistema elétrico do Lote A, de R$ 3,3 bilhões, o martelo final ainda não está batido. Em bom português: não há contrato fechado. Quatro meses após o anúncio, a estatal não detalha a situação. Dá alento para a expectativa de uma solução definitiva até o final deste mês, mas só extraoficialmente. Oficialmente, nem comenta o assunto, alegando que o tema da negociação com os chineses é delicado.
Quem acompanha o caso desde junho confirma que o caso é sério. Foram muitas idas e vindas entre Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Eletrosul e Shanghai. Agora, o acerto definitivo espera autorização da Aneel para que a estatal tenha pequena fatia na Sociedade de Propósito Específico (SPE) que vai tocar a obra – exigência dos chineses, por conta da expertise da empresa em licenças ambientais e regularização fundiária.
A Aneel resiste porque a Eletrosul tinha a concessão, mas atrasou todo o cronograma – a obra deveria estar pronta no próximo ano – por falta de recursos. Isso inquieta quem tem projetos de geração eólica e depende da conclusão das linhas de transmissão e subestações para ter conexão ao sistema. Só assim podem disputar garantia de contratos de compra em leilões públicos.
O secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, explica que a Shanghai negociou com a Aneel um ano adicional de prazo para conclusão em relação ao original. Significa que tudo estaria pronto só no final de 2021. Isso retiraria os projetos gaúchos de um dos leilões previstos para este ano, chamado A-4 (o nome significa que a entrega ocorre quatro anos depois da assinatura do contrato). Na avaliação de Lemos, o leilão em que os gaúchos devem apostar é o A-6, que cobra entrega de energia até 2013. Não há unanimidade entre os que desejam apresentar seus projetos.