Está sendo uma semana difícil para projetos de geração de energia no Estado. Na segunda-feira, o BNDES anunciou a decisão de eliminar financiamento para térmicas a carvão, ameaçando investimentos de R$ 15 bilhões para usar o minério gaúcho. Agora, surge outro risco para um potencial de até R$ 18 bilhões em empreendimentos eólicos. A nota técnica 121/2016 do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) compromete as chances de candidatos ao leilão de reserva previsto para dezembro.
Na avaliação do órgão que gerencia o sistema elétrico, o Estado não teria condições de receber mais geração eólica por falta de conexão com a rede de transmissão. A dificuldade é que a linha de 525 quilovolts (kV) que a Eletrosul deveria estar construindo entre Povo Novo e Nova Santa Rita está com obras atrasadas. Para evitar problemas ocorridos no Nordeste, quando vários parques foram construídos sem condições de transportar a energia até os consumidores, a recomendação é não aprovar projetos no Estado.
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Era só o que faltava. Na nota técnica, o ONS descreve assim a situação: ''capacidade remanescente nula para escoamento de energia elétrica no Estado do Rio Grande do Sul''. E segue assim: ''Atualmente, sem a entrada das obras hoje previstas para entrarem em operação em 03/2019, a contingência da LT 525 kV Nova Santa Rita – Povo Novo já pode provocar restrição de geração na região Sul do Rio Grande do Sul (...)''. Significa que a possibilidade, ao menos teórica, de tirar do papel uma capacidade de quase 3 mil megawatts em geração a partir do vento estaria comprometida.
Empreendedores do segmento avaliam que é possível reverter o obstáculo, cobrando da Eletrosul a entrega da obra no prazo previsto e fazendo articulação comos órgãos envolvidos no processo. Mas temem que falte tempo hábil para a negociação, porque embora o leilão esteja previsto para dezembro, existem prazos intermediários que precisam ser obedecidos para credenciar projetos. Para lembrar, o Estado foi pioneiro em energia eólica no país.