No mesmo dia em que o Banco Central (BC) confirmou o esperado corte de 0,25 ponto percentual no juro básico do Brasil, para 6,5%, o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, elevou a taxa de referência americana para 1,75%.
Por aqui, a nova aparada na Selic não estava nos planos originais no ano passado, mas virou consenso depois que a atividade econômica engasgou neste início de ano, enquanto a inflação segue baixa. No comunicado, o Comitê de Política Econômica (Copom) avalia que pode fazer mais uma poda, em 16 de maio: “Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional”. Mas avisou que, caso a inflação dê sinal de alta, pode abortar a estratégia. Apesar do sinal ambíguo para a próxima reunião, o BC avisa que deve parar os cortes em série no resto do ano. Um dos motivos é o que ocorreu no outro comitê de política monetária.
Um dos riscos apontados pelo BC é “reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes”. Em bom português, é uma referência à alta de juro nos EUA. A confirmação da alta esperada, também de 0,25 ponto percentual, devolveu a altitude de 85 mil pontos à bolsa brasileira. Mas o discurso dúbio do novo presidente do Fed, Jerome Powell, o primeiro depois de decisão sobre juro, moderou o ânimo.
A expectativa de que a taxa nos EUA volte a patamares entre 2,5% e 3% pressiona o dólar no Brasil a médio prazo. Com juro real (acima da inflação), os EUA viram ímã de recursos. A taxa baixa fez parte do cenário que bombou as bolsas de valores, de Nova York ao Brasil. Criou uma imensa quantidade de recursos em busca de rentabilidade. Quando o Fed completar seu ciclo de alta, boa parte deve voltar ao porto seguro dos Treasuries, os títulos do governo americano, assim que isso representar algum ganho.