O “menor juro da história” chamou atenção, de novo, para a diferença abissal entre a referência, de 7% ao ano, e taxas de mercado. Na pesquisa mais recente da Associação de Executivos de Finanças (Anefac), para pessoas físicas, a alternativa mais barata é o crédito direto ao consumidor, a 65,35% ao ano. Para empresas, a opção mais em conta, para capital de giro, é de 31,37%. Empréstimo consignado e financiamento de imóveis e veículos até têm custo menor, mas são muito específicos.
O que, então, explica um custo quase 10 vezes maior? No Brasil que ainda pavimenta o caminho da saída da recessão, o que mais pesa é a inadimplência. Na formação da taxa cobrada do tomador de crédito, está prevista uma parcela correspondente à cobertura daquelas que não foram honradas pelos devedores. Sim, é o que parece: quem paga em dia banca também as dívidas de quem deu calote.
O surto de calotes provocado pela crise, tanto de empresas em dificuldades quanto de indivíduos e famílias que perderam emprego e renda, começa a amainar, mas ainda pesa. O auge ocorreu em maio passado, com 6% das pessoas físicas inadimplentes. Em outubro, conforme o Banco Central (BC), ainda havia 5,2% devedores que não quitaram pagamentos.
Pesam, ainda, o depósito compulsório – os bancos têm de recolher ao BC uma grande parte dos depósitos à vista, o que torna mais escassos os recursos disponíveis –, e o crédito direcionado. Metade de todos os financiamentos concedidos no país tem custo subsidiado. O BC quer reduzir gradualmente essa proporção exatamente para que as mudanças no juro básico – tanto cortes quanto elevações – façam efeito maior e mais rápido. Esse é o motivo da criação da nova Taxa de Longo Prazo (TLP), a partir de janeiro de 2018. Conforme o BC, vai ajudar a reduzir a diferença.