Não foi o descolamento entre a crise política – que segue – e a recessão econômica – oficialmente encerrada que permitiu a decisão histórica do Banco Central (BC), que deverá levar nessa quarta-feira (6) o juro básico ao menor nível nos registros oficiais. A queda da inflação, que abriu espaço para o corte emblemático, foi possível, entre outros fatores, pelo declínio da atividade nos últimos três anos, que acumula perda de 8,2% no Produto Interno Bruto (PIB).
Nesta terça-feira (5), o avanço de 0,2% na produção industrial impediu que a estatística voltasse ao vermelho. A exemplo do PIB do terceiro trimestre, o desempenho foi melhor nos detalhes – os resultados positivos se espalharam como não se via desde o longínquo abril de 2013. Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o que fez diferença para a indústria ocorreu entre abril e maio. Antes, portanto, da delação da JBS que colheu o país no final daquele período.
Nesse intervalo, os avanços foram robustos, observa o Iedi: altas de 1,1% em abril e 1,4% em maio. Os meses seguintes registraram baixas ou altas tão pequenas que seria mais correto falar em estabilidade. Foi assim que a entidade avaliou o resultado divulgado nesta terça pelo IBGE: "o aumento de apenas 0,2% em outubro não é um dado isolado, mas sintomático de um dinamismo que se mantém próximo de zero desde julho de 2017".
Na visão de muitos empresários, há cansaço na espera por medidas oficiais que ajudem a economia a reagir. Seria conveniente, a essa altura, que o governo federal enfim percebesse o tamanho da exasperação com escândalos. Se ninguém mais espera boas notícias dos ocupantes do Planalto e do Congresso, seria bom que não atrapalhassem.