A cada 45 dias, uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) – atualmente sob o comando de Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central do Brasil – define a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira.
O que é?
É o principal índice que baliza as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras no Brasil. A sigla Selic é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um sistema utilizado pelo governo para controle de emissão, compra e venda de títulos públicos, além de controle da inflação.
Segundo o Banco Central, para calcular a taxa são considerados "os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação". Em outras palavras, o valor é obtido pelo cálculo da taxa média ponderada dos juros praticados pelas instituições financeiras.
Para que serve?
A alta do juro influencia diretamente o cotidiano do brasileiro e a economia do país.
- Quando está alta, a Selic favorece a queda da inflação, pois desestimula o consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, ela favorece o consumo, pois tomar dinheiro emprestado ou fazer financiamentos fica mais barato, já que os juros cobrados nestas operações ficam menores.
- É a partir da Selic que os bancos definem a remuneração de algumas aplicações financeiras feitas pelos clientes. A taxa também é usada como referência de juros para empréstimos e financiamentos entre os bancos e o governo.
- A Selic também ajuda a controlar a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil. Quem investe em títulos brasileiros lucra com aqueles que têm juros altos, o que faz entrar mais dinheiro no país. Entrando e circulando mais dólares por aqui, esta moeda se desvaloriza, enquanto o real ganha força.
Qual o valor atual da Selic?
Na última reunião do Copom, em 8 de junho, a decisão foi pela manutenção da taxa em 14,25%. Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central acreditam que nesta quarta o grupo também decida pela inalteração do valor. Até o final do ano, a expectativa é de redução da taxa básica.
De acordo com o economista e gerente adjunto de operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), André Gotler, a taxa atual pode ser considerada alta:
– Mesmo que baixasse 2 pontos percentuais do valor da taxa básica, o investimento estrangeiro no país não seria comprometido. A inflação está retrocedendo, girando em torno de 9%. Mas o juro real, hoje, está acima de 5%, sendo que nos Estados Unidos, por exemplo, está menos de 1%.
Desde 1996, quando foi instituída, o maior valor atingido pela Selic foi de 45% entre 4 de março de 1999 e 24 de março do mesmo ano.
– Em 1999 foi uma situação diferente da de agora. Havia um problema cambial, então se usava a taxa de juros para controlar o câmbio. Hoje, como o câmbio é flutuante, a taxa de juros não precisa ser tão alta, já que só é utilizada para controlar a inflação – explica Gotler.