Faltando menos de 100 dias para o começo da Copa do Mundo no Catar, o coração já começa a bater mais forte. Nesta semana, eu e a Alice Bastos Neves gravamos mais um episódio de "Caminhos para a Vitória", reality do Globo Esporte na RBS TV. Foi uma aula especial ministrada pela professora da PUCRS, Fernanda Faggiani, para tratarmos da saúde mental. Além do físico estar em dia, que estamos trabalhando na academia do Parque Esportivo da PUCRS, a cabeça precisa estar preparada para a correria insana e a pressão de uma grande cobertura. A ansiedade é algo a ser driblado durante a execução do trabalho em novembro. Os ensinamentos foram inspiradores.
Copa do Mundo e emoção são quase sinônimos. Volta do no tempo, é impossível não lembrar de momentos vividos desde o Mundial da Espanha em 1982, o primeiro que tenho na memória. A imagem que ficou guardada é a corrida de Falcão, em close na tela da televisão, comemorando o segundo gol do Brasil contra a Itália. Depois, a frustração de acabar eliminado pelos italianos comandados pelo carrasco Paolo Rossi.
Da Copa do México, em 1986, as lembranças já são maiores. Com 10 anos, sofri demais com a queda da Seleção Brasileira de Telê Santana nos pênaltis para a França. Até o Zico, um dos meus ídolos na época, acabou errando uma cobrança no tempo normal, que terminou 1 a 1. Já em 1990, a dor foi grande. Perder para a Argentina, não é fácil. Mas quem empilha chances de gols perdidas e deixa Maradona livre para pifar Cannigia tem que voltar para casa mais cedo.
Mas sabe aquela máxima de que os humilhadas de hoje serão os exaltados amanhã? Pois em 1994, Mundial dos Estados Unidos, pude sentir o gostinho de ser campeão do mundo. O time comandado por Carlos Alberto Parreira tinha a força e a liderança do capitão Dunga e a qualidade superior da dupla Bebeto e Romário. A imagem de Galvão Bueno, abraçado no Rei Pelé na transmissão da Globo, gritando "é teeeeeeeeeetraaaa" está eternizada não mente de todos os brasileiros. Foi a última Copa do Mundo que acompanhei sem estar trabalhando.
1998 foi um ano muito importante na minha vida. Marcou o meu início na Rádio Gaúcha. Era a realização de um grande sonho. Comecei como rádio-escuta no jornalismo geral em março. Passados dois meses, fui para o esporte como estagiário. Para mim, a Copa da França foi a primeira que cobri. Trabalhava na retaguarda na equipe que o Zé Alberto Andrade comandava em Porto Alegre. Uma pena que o resultado de campo não foi o esperado por todos. Até hoje, não se sabe o que aconteceu exatamente com Ronaldo Fenômeno antes da final com a França. Zidane era um cracaço de bola. Mas confesso que tenho um pouco de raiva dele por liquidar o Brasil de Zagallo com requintes de crueldade.
Mas em 2002, o jogo virou. Como comandante da Central de Copa, em Porto Alegre, varei as madrugadas por causa do fuso da Coreia do Sul e do Japão até a conquista do penta, amassando a Alemanha na final. Os dois gols da decisão contra os alemães, narrados com maestria e emoção pelo Pedro Ernesto Denardin, foram editados por mim e o Marcus Vinícius Wesendonk com todo o carinho. O domingo da final parece aqueles dias que não precisariam terminar nunca.
Por outro lado, 2006 não foi de boas lembranças. Mas guardo com carinho um ano antes, quando conheci a Alemanha. Que país, meus amigos! Convidado pela Deutsch Welle, rádio estatal alemã, fui fazer um curso de jornalismo esportivo com companheiros brasileiros e dos países africanos que falam português. Uma baita experiência de vida. Minha primeira viagem internacional. Me virando sozinho. Saudades da turma toda que ficou sediada em Bonn, mas que circulou por Frankfurt, Gelsenkirchen, Colônia e Dortmund. Sem falar na fantástica Berlim.
No ano seguinte, a seleção de Carlos Alberto Parreira parecia mais preocupada com os holofotes do que com a bola. A queda para a França foi incontestável. Olha o Zidane de novo para azarar a nossa vida. No campo, a Copa da Alemanha foi frustrante. No trabalho, um momento de afirmação. Criamos o programa "No Mundo da Copa", que era um grande resumo diário do mundial.
Na Copa da África do Sul, em 2010, chegou a hora de ir para o front. Fui escalado para estar no país do mundial. Para começar, a viagem de ida para Joanesburgo já teve a presença de Pelé no avião. Foi difícil chegar perto do Rei. Mas ele deu algumas palavras para os inúmeros jornalistas presentes no voo. Foi o primeiro gostinho de tudo que estava por vir. Mas nada supera o momento do jogo de abertura, entre os donos da casa e o México. Fui para o Soccer City fazer as reportagens na Gaúcha. Não tenho dúvida que foi a maior emoção que vivi dentro de um estádio de futebol. O sonho de criança de ser jornalista e cobrir uma Copa do Mundo ao vivo estava sendo realizado. Antes de entrar no ar na rádio, foi impossível conter a emoção. Chorei de alegria. Pensei: "Eu não acredito que estou aqui!".
Foram dias mágicos acompanhando os jogos do Brasil no meio da galera. Tudo ia bem, até o encontro com a Holanda. Patrolamos no primeiro tempo. Fomos para o intervalo em vantagem. Só que levamos uma virada, que nos mandou mais cedo para casa. Um duro golpe. Foi uma grande frustração. Como experiência profissional, mágico. Os dias passaram voando com muito trabalho e alegria por estar no país do Mundial.
Em 2014, foi a vez da Copa do Mundo desembarcar no Brasil. A caminhada da Seleção Brasileira começou no Itaquerão em São Paulo. Seguimos a equipe de Felipão em todos os jogos. Eu sempre no meio da galera. Um país fervilhando de emoção por receber a maior competição do futebol. Tudo ia bem, até o fatídico 7 a 1 para a Alemanha na semifinal. Que pancada! Eu estava no Mineirão, atrás do gol onde os alemães empilharam gols. Cinco só no primeiro tempo. Um sofrimento terrível. Um estádio atônito com o que estava acontecendo. Nunca mais vou esquecer o dia 08 de julho de 2014.
Por fim, 2018. Conhecer a Rússia foi algo especial. Um país cheio de histórias. Fiquei no Centro de Imprensa em Moscou ancorando a programação da Gaúcha ao lado da minha parceira Alice Bastos Neves. Junto com o Mauricio Saraiva, Lucas Rizzatti, Rodrigo Oliveira, Peninha, Débora Pradella e Anderson Fetter, Daniel Musa e Rhadam Miranda formamos uma turma unida na capital russa. Dividir a apresentação do "Gaúcha na Copa" com a Alice foi uma baita experiência. Além disso, vídeos e colunas aqui em GZH: o Gigante na Copa. Pena que o time de Tite parou na Bélgica. Foi triste voltar para casa antes do tempo. E agora, o que nos aguarda no Catar? Tenho fé no novo ciclo de Tite comandando a Seleção Brasileira. Não há o bicho-papão entre as outras seleções. Pode ser a Copa de Neymar. Aposto muito em Vinicius Júnior para ser o cara do Mundial. Agora, só quero que o tempo passe voando para a bola começar a rolar. A cabeça e o coração já estão preparados.