Vamos direto ao ponto. Sem maiores rodeiros. Eu gosto de comer! Simples assim. É um baita prazer. Dos sete pecados capitais, aquele que eu mais cometi na minha vida foi o da gula. Nunca foi pouco. Algo compulsivo. Mas já cometi os outros deslizes, tendo como viés principal o da alimentação. Sempre tive a vaidade de dizer que gostava de comer e a certeza de que nada me faria mal. Um grande engano, que só o tempo abriu meus olhos.
Nunca gostei de dividir o meu prato com alguém. Uma postura um tanto avarenta. Até hoje, tenho uma inveja desgraçada de quem pode comer tudo e não engorda um grama no peso. Podem apostar, que se eu olhar para uma salada de alface, já estou engordando. Viva a genética e o metabolismo da obesidade. Sem
Medida, praticava verdadeiras orgias gastronômicas: luxúria. Por fim, a preguiça, irmã fiel da gula, sempre esteve presente na minha vida. Todo o dia quando acordo, sei que tenho que buscar a remissão dos pecados. Lutar para não cair em tentação.
Vou dizer uma coisa que pode parecer chocante. Até 2016, eu estava acabando com a minha saúde. Aquela velha máxima de que “a vida começa aos 40” poderia ser o meu lema a partir daquele momento. Venho de uma família de origem italiana. Mesa farta. Comer pouco é sinal de que as coisas não estão bem. Frases como “só isso?” ou “tu comeu pouco” são praxe. Final de semana sempre é sinônimo de reunir as pessoas com mesa farta. Ou sair para almoçar fora, quando as escalas do trabalho no esporte permitem. Afinal de contas, sábados e domingos são dias que não pertencem as pessoas que atuam no jornalismo esportivo.
Geralmente, comer pouco é sinônimo de que não estava boa a refeição. Lembro de ir na casa da nonna aos domingos comer os capelettis ou tortéis caseiros feitos pela tia Cléa. Um bom prato de massa tem o seu valor. É muito difícil resistir ao convite de ir a um rodízio de pizza. Não sou daqueles que come meia dúzia de fatias e está satisfeito. Como bom filho de açougueiro, churrasco é paixão. Vamos combinar que não há nada mais simples e saboroso do que um sanduíche de pão cacetinho com manteiga, presunto e queijo. Sem falar de chocolate e sorvete, meus doces preferidos. Quem inventou essas duas iguarias são gênios. Nem falei ainda da tentação do xis, patrimônio gastronômico do Rio Grande do Sul, e também dos hambúrgueres. Imagino que tem leitor chegando até aqui no texto, já está salivando.
O Caminhos para a Vitória, nosso projeto no Globo Esporte da RBS TV, além da atividade física, que está cada dias mais incorporada ao meu cotidiano com as idas ao Parque Esportivo da PUCRS, tem por objetivo me colocar na rota de uma alimentação mais saudável. Confesso que o mais fácil é praticar os exercícios. Treino de força e cardio. Na parte da alimentação, tenho a ideia de que tudo o que é muito radical, não funciona. Principalmente, em termos de dieta. Estou aprendendo que é possível comer as coisas que gostamos, tendo como ponto de partida o equilíbrio. Sair da linha, eventualmente, até faz parte. Só não pode virar rotina. Antes era assim. Tudo de forma exagerada. Somando ao sedentarismo, é uma mistura bombástica.
Continuo comendo as coisas que eu gosto. Não na mesma proporção e periodicidade de antes. Porque sei que meu corpo não suportaria mais tais exageros. Admito que cometo os meus pecados. Mas eles são muito menos recorrentes do que no passado recente. Força de vontade em todo o processo é fundamental. Sei que muitas pessoas se identificam com o que falei aqui em GZH. É possível lutar e vencer. Mas é uma batalha para o resto da vida.