A Mesa do Conselho Deliberativo cogitou comunicar o adiamento da reunião extraordinária marcada para o dia 27, mas voltou atrás em uma reunião na noite desta terça-feira, que terminou por volta das 22h30min. A sessão votará a denúncia da Comissão Especial de seis irregularidades cometidas por dirigentes na gestão Piffero, apontadas em documento elaborado depois de 11 meses de investigação, na semana que vem.
A razão do adiamento seria a concessão de mais prazo aos denunciados na construção de suas defesas e também para que pudessem analisar documentos usados como base na investigação, mas a decisão foi revista pelo Conselho Deliberativo. Integrantes da atual gestão mostraram certa contrariedade com a mudança de data, já que a reunião, caso fosse adiada, ocorreria a cinco rodadas do final do Brasileirão, disputado ponto a ponto pelo Inter, agora com Palmeiras e Flamengo.
A denúncia entregue pela Comissão Especial apontou 14 fatos, sendo que seis deles configuraram gestão irregular e temerária, conforme a Lei do Profut. Foram responsabilizados o ex-presidente Vitorio Piffero, o ex-primeiro vice e vice de finanças Pedro Affatato, o ex-vice de patrimônio Emídio Marques Ferreira e o ex-vice de administração Alexandre Limeira. Em sua defesa por escrito, entregue na semana passada, Piffero pediu mais prazo e acesso a documentos usados pela Comissão Especial, além de um tempo maior de defesa na sessão do Conselho — o previsto eram 10 minutos, ele exigiu uma hora, a presença da imprensa e a transmissão pelos canais oficiais do clube.
Recaem sobre Affatato, Piffero e Emídio as principais acusações. Eles são responsabilizados por 147 adiantamentos entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016, em valores que somaram cerca de R$ 10 milhões, sob alegação de pagamentos para obras no complexo Beira-Rio. A apresentação de notas de cinco empresas interligadas, muitas delas sequenciais, para justificar os gastos, também é mencionada pela Comissão.
Affatato também foi denunciado por prestação de serviços de empresa de sua família para colocação de guard-rail no complexo do Beira-Rio — é vedado pela Lei do Profut a prestação de serviços ao clube de empresas pertencentes a dirigentes ou a seus familiares. A nota apresentada revela gasto de R$ 1,16 milhão para prestação do serviço e fornecimento de material. Há ainda a observação da falta de precisão na descrição das notas, em que são misturados metros e peso dos materiais utilizados nos guard-rails.
Limeira foi denunciado por gastos excessivos com o cartão corporativo do clube. Em dois anos, foram detectados mais de R$ 80 mil em refeições em restaurantes badalados da Capital.